Catarina Almeida Pereira, in Negócios on-line
No final do mês passado, havia 8.623 ofertas disponíveis nos centros de emprego do continente. O número de novas oportunidades captadas está a cair, enquanto o de desempregados é cada vez maior
No final de Fevereiro estavam disponíveis 8.623 ofertas de trabalho nos centros de emprego do continente. Ou seja, uma oportunidade por cada 71 desempregados inscritos no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).
Os dados solicitados pelo Negócios mostram que o maior número de ofertas disponíveis se situa no distrito do Porto (mais de duas mil) – é mais do dobro do número equivalente em Lisboa. Já na Guarda há pouco mais do que uma centena (ver mapa na página 12).
Mas a proporção também varia segundo as zonas geográficas. Assim, enquanto no distrito de Beja há 28 desempregados inscritos por cada oferta de emprego disponível, no distrito de Santarém há 119. Estes rácio tem em conta a dispersão dos 616 mil desempregados registados no continente.
Em causa estão as ofertas que, no final do mês passado, ainda estavam por ocupar, que são agora mais escassas do que há um ano.
As regras do subsídio de desemprego estabelecem que no primeiro ano em que recebem subsídio os desempregados só são obrigados a aceitar uma oferta com um salário que seja 10% superior ao valor do subsídio que recebem. A partir do segundo ano, basta que o salário seja igual ao valor da prestação.
Em todo o caso, a oferta só tem de ser aceite pelo desempregado se for adequada às suas aptidões físicas, qualificações e experiência profissional. O conceito de "emprego conveniente" está ainda sujeito a limites geográficos. O valor das despesas de transporte não deve, por exemplo, ser superior a 10% do seu salário bruto.
Salário médio é de 595 euros
Os dados solicitados pelo Negócios revelam que o salário médio destas vagas se situa nos 595 euros por mês, abaixo dos valores praticados na economia, mas acima do valor médio das novas ofertas captadas ao longo do ano passado. Mas também aqui há importantes diferenças entre distritos. Em Évora, Beja e Lisboa os valores são mais elevados, enquanto em Viseu e na Guarda são mais baixos.
Na comparação que resulta dos dados oficiais destaca-se o distrito de Setúbal, onde as ofertas disponíveis têm o surpreendente valor médio de 913 euros. Este dado pode ser explicado pela análise das ofertas disponíveis neste distrito: um quarto das 641 vagas por preencher nos centros de emprego de Setúbal destinam-se a especialistas das ciências físicas, matemáticas ou engenharias, que são geralmente mais bem pagos. No conjunto do País, porém, dominam as ofertas destinadas aos menos qualificados.
O Governo quer subir em 20% o número de novas ofertas captadas, até ao final de 2013, nomeadamente através de parcerias com serviços privados e de trabalho temporário. Para já, a economia não tem ajudado. Ao longo de Fevereiro, foram captadas 5.705 novas ofertas, número que é o mais baixo em cinco anos.