Texto de Amanda Ribeiro, in Público on-line (P3)
Não poderia ser uma medida isolada, mas para a vice-presidente da bancada do PSD, Francisca Almeida, deveriam ser dadas ferramentas para criar o próprio emprego logo no ensino secundário
É preciso que o Estado dê “condições e qualificações” aos jovens para que eles saibam como criar o próprio emprego. Falta uma “aposta definitiva na educação para o empreendedorismo”, defende a vice-presidente do grupo parlamentar social-democrata, Francisca Almeida, baseando-se também na sua própria experiência enquanto licenciada em Direito: “Posso dizer que saí da faculdade sem me sentir em condições, se o pudesse fazer, de montar de imediato o meu escritório”.
Ao facultar estas ferramentas logo no ensino secundário — “esta ideia que o percurso passa inevitavelmente pela faculdade está errada porque deixamos de apostar no ensino profissional” — poder-se-ia assistir a uma “mudança de paradigma” e até de mentalidades. “Nos EUA, a grande maioria dos jovens quer estabelecer-se por si próprios, ao passo que aqui a maioria quer encontrar um emprego.”
Reforçar ainda mais a ligação entre as universidades e as empresas e “desburocratizar o mais possível o acesso aos fundos europeus”, de forma que os jovens empreendedores não tenham de recorrer a consultores para se candidatarem, são outras soluções que a deputada de 28 anos promove no sentido de combater o desemprego jovem, que é “necessariamente um dos grandes objectivos do partido”. Francisca aguarda ainda o impacto da Estímulo 2012, iniciativa que a “surpreendeu agradavelmente”, e do programa Impulso Jovem.
"Quero acreditar que em 2013 entraremos nos mercados"
Esta semana, o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, afirmou que o elevado desemprego entre os jovens (até aos 25 anos) pode levar a uma “das piores crises de sempre” na União Europeia. Em Espanha, a taxa atinge os 50% e em Portugal chegou, no quarto trimestre de 2011, aos 35,4%.
Estes dados são “maus”, mas, sublinha Francisca Almeida, não se pode “achar que tudo se resolve com uma varinha de condão”. Para além de todas as possíveis medidas e programas isolados, o que realmente vai resolver “estruturalmente” o problema é ter uma “economia pujante”, capaz de “criar postos de trabalho” e esta viragem pode acontecer já no próximo ano. “Quando o ministro das Finanças diz que em 2013 estaremos capazes de entrar novamente nos mercados, eu quero acreditar que assim vai suceder.”
Os trabalhadores independentes estão incluídos, pela primeira vez, nas novas regras do subsídio de desemprego. A deputada vimaranense discorda que esta seja uma forma de legitimar os falsos recibos verdes. É sim uma forma de “mitigar uma fragilidade” que atinge uma franja jovem da população, uma realidade à qual o Governo não pode “fechar os olhos”. “Numa altura destas, em que as pessoas precisam desesperadamente de um emprego, acho que é uma medida muita positiva.”