in Jornal de Notícias
O programa de reformas em Portugal "encontra-se no bom caminho" e já começou a produzir resultados, mas os portugueses ainda necessitam de "retirar o complexo de pequenez" da sua mentalidade, referiu, esta sexta-feira, em Lisboa, José Manuel Durão Barroso.
"Em Portugal, um ambicioso programa de reformas encontra-se no bom caminho. A sua concretização ajudará o país a ultrapassar as dificuldades atuais e a construir bases económicas e sociais sólidas para um crescimento sustentável, e por isso um crescimento mais justo", considerou o presidente da Comissão Europeia (CE).
Durão Barroso proferiu estas declarações durante a sessão solene de encerramento do Ciclo de Conferências Gerações de Futuro, promovido pelo núcleo jovem da SEDES.
Na sua intervenção, com o tema "Europa e Portugal: Que Futuro?", analisou o estado da construção europeia, disse que a atual crise poderá revelar-se um "catalisador de mudanças" e um desafio para as novas gerações, mas não prescindiu de abordar a situação em Portugal.
"O programa de reformas já começa a produzir os seus primeiros frutos. A consolidação orçamental progride de acordo com o que foi planeado. Em 2011 verificou-se também um aumento considerável das exportações, tanto para mercados europeus, como para mercados fora da Europa. A médio prazo Portugal irá beneficiar do impacto positivo das reformas estruturais no seu crescimento económico. Mas é óbvio que há custos no curto prazo que são inevitáveis", considerou.
Após esclarecer que falava "na condição de português e não de presidente da CE", Durão Barroso dissecou ainda sobre o que definiu como um dos "problemas culturais" do país.
"É a ideia de que somos necessariamente pequenos, quando na verdade é que estamos, mesmo em termos demográficos e a nível europeu, bem acima da média. Temos absolutamente de retirar este complexo de pequenez da nossa mentalidade", sublinhou.
Num discurso de mais de 40 minutos pontuado pelo otimismo sobre o futuro europeu, o chefe do executivo da UE, que foi apresentado por Campos e Cunha, atual presidente da SEDES, pronunciou-se ainda pela necessidade de um "novo modelo de governação económica" na União e enunciou os três grandes desafios para o projeto europeu: "Completar, reformar e crescer".
Após assegurar que as "vulnerabilidades estão a ser ultrapassadas", alertou para a necessidade de evitar "o erro" de reduzir o novo quadro da governação económica europeia à consolidação orçamental.
"É indispensável, mas constitui apenas um meio para atingir os nossos objetivos. A nossa prioridade é o crescimento e o emprego, de forma a podermos garantir o bem-estar dos cidadãos europeus e o futuro das gerações mais jovens", sustentou.
A construção de "bases económicas e sociais sólidas para um crescimento sustentável, e por isso um crescimento mais justo", incluindo em Portugal, foi outro aspeto frisado por Durão Barroso, perante uma plateia de muitas dezenas de pessoas e onde se destacavam Mota Amaral, Ricardo Salgado, Adriano Moreia ou Eduardo Lourenço.
"A nível europeu é importante prosseguirmos com coragem as medidas que alguns países estão a tomar em termos de consolidação orçamental e de reformas estruturais muito exigentes", precisou.
A dmitiu que essas reformas muitas vezes têm "custos nada populares", mas vaticinou: "É vital preservar esta dinâmica reformista e estou convencido de que os esforços vão produzir resultados positivos para os nossos cidadãos, países e para a Europa no seu todo".