27.3.12

Igreja quer utilizar desativadas Oficinas de S. José

in Diário de Notícias

A Igreja garante que mantém um projeto para lançar um polo de formação profissional nas instalações das desativadas Oficinas de S. José, cujo nome volta a estar hoje associado a um processo judicial, agora por agressões sexuais a internos.

"O projeto não está abandonado, de modo nenhum. Agora, o seu enquadramento é que tem de ser revisto", afirmou o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), padre Lino Maia, numa alusão a um projeto anunciado na vigência do anterior governo e entretanto parado.

As Varas Criminais do Porto marcaram para hoje o julgamento de um suspeito de molestar sexualmente dois menores com deficiências cognitivas, ambos internos nas Oficinas de S. José.

As condições da instituição para receber menores de risco foram questionadas publicamente após se saber que outros internos das Oficinas se envolveram, em 2006, em sevícias ao transsexual brasileiro Gisberto Santos Júnior, que se viriam a revelar fatais.

Um dos internos acabou condenado nas Varas Criminais do Porto e os restantes cumpriram medidas tutelares decretadas pelo Tribunal de Família e Menores do Porto.

Depois do caso que hoje se começa a julgar, o nome das Oficinas de S. José deverá voltar a pronunciar-se em mais dois processo-crime, um relativo a abusos sexuais alegadamente consumados entre internos e outro relacionado com alegados maus tratos a rapazes institucionalizados, que terão sido consumados por um funcionário da casa.

"Lamentamos profundamente estes casos de maus tratos e assumimos as responsabilidades, mas estamos a contribuir para a solução de muitas situações e para um debate que é necessário no país", assumiu o padre Lino Maia.

Para o presidente da CNIS, instituições deste tipo "foram formadas e têm pessoal para outro tipo de situações", sobretudo de apoio a órfãos, mas acabaram por assumir, a pedido da Segurança Social e dos tribunais, responsabilidade por menores em alguns casos já na pré-marginalidade, "nem sempre com condições e preparação suficientes", admitiu.