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O antigo presidente do CDS Adriano Moreira diz que Portugal vive hoje uma das "épocas mais graves" da sua história, mas sublinha que o país tem "saídas", sendo prioritário definir um conceito estratégico nacional, que não existe desde 1974.
“Parece-me evidente, necessário, que haja um conceito estratégico nacional. Que esse conceito estratégico nacional deve e precisa de apoiar-se numa Europa unida, tomando consciência de que a fronteira da pobreza passou para o norte do mediterrâneo e que nós estamos abrangidos por essa fronteira, mas que também há janelas de liberdade. E essas janelas de liberdade principais são o mar, a plataforma Continental e a CPLP”, disse Adriano Moreira em entrevista à Lusa, poucos dias antes de completar 90 anos, a 6 de Setembro.
Para o actual presidente da Academia das Ciências, o 25 de Abril de 1974 “pôs um ponto final no conceito estratégico nacional” e não surgiu outro desde então, sendo essencial fazê-lo neste momento de crise.
“É um desafio à geração mais nova, que está a receber um legado pesadíssimo das gerações anteriores”, afirmou.
Para o histórico do CDS e ministro do Ultramar de 1961 a 1963, “há saídas para Portugal”, que passam, para além da Europa, sobretudo pelo mar e pela Comunidade de Países Língua Portuguesa (CPLP). No caso do mar, Adriano Moreira sublinha que Portugal terá uma das maiores e mais ricas plataformas continentais do mundo.
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01 Setembro 2012 | 11:20
Lusa
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O antigo presidente do CDS Adriano Moreira diz que Portugal vive hoje uma das "épocas mais graves" da sua história, mas sublinha que o país tem "saídas", sendo prioritário definir um conceito estratégico nacional, que não existe desde 1974.
“Parece-me evidente, necessário, que haja um conceito estratégico nacional. Que esse conceito estratégico nacional deve e precisa de apoiar-se numa Europa unida, tomando consciência de que a fronteira da pobreza passou para o norte do mediterrâneo e que nós estamos abrangidos por essa fronteira, mas que também há janelas de liberdade. E essas janelas de liberdade principais são o mar, a plataforma Continental e a CPLP”, disse Adriano Moreira em entrevista à Lusa, poucos dias antes de completar 90 anos, a 6 de Setembro.
Para o actual presidente da Academia das Ciências, o 25 de Abril de 1974 “pôs um ponto final no conceito estratégico nacional” e não surgiu outro desde então, sendo essencial fazê-lo neste momento de crise.
“É um desafio à geração mais nova, que está a receber um legado pesadíssimo das gerações anteriores”, afirmou.
Para o histórico do CDS e ministro do Ultramar de 1961 a 1963, “há saídas para Portugal”, que passam, para além da Europa, sobretudo pelo mar e pela Comunidade de Países Língua Portuguesa (CPLP). No caso do mar, Adriano Moreira sublinha que Portugal terá uma das maiores e mais ricas plataformas continentais do mundo.
“E isso, numa perspectiva para a mudança da vida portuguesa, é uma coisa extraordinária”, afirma, defendendo a necessidade de “uma diplomacia muito firme, muito apoiada” para aproveitar todas as potencialidades associadas a esta plataforma.
Para Adriano Moreira, é preciso que, no seio da União Europeia, se acautele que “a relação de soberania [da plataforma continental] é com Portugal” e que se “descentralize “aquilo que forem as directivas para o mar europeu”.
A outra “grande janela de liberdade” para Portugal é, segundo Adriano Moreira, a CPLP, uma comunidade de países “maioritariamente pobres” e “todos marítimos” no seio da qual “as cooperações interessam a todos".
O ex-líder do CDS sublinha “que essa definição do conceito estratégico não é incompatível com a defesa da unidade da Europa, que também é fundamental” para Portugal e que está hoje “fragilizada”.
“Primeiro, porque a fronteira da pobreza, que ainda em fins do século passado, que foi ontem, passava ao sul do Saara, segundo os documentos da ONU, neste momento ultrapassou o norte do mediterrâneo, onde nós estamos. Isso faz com que estejamos a viver uma época que é das mais graves que eu conheço da história portuguesa”, sublinha.
Adriano Moreira diz que “o país foi sempre dependente de factores externos”, tendo “pouco a pouco evoluído para um estado exíguo, com uma deficiência de relação entre objectivos e capacidades do Estado”, até chegar a uma “submissão que é traduzida por uma imagem de protectorado”.
Para superar esta situação, diz, o país “tem de cumprir as obrigações que o Estado assumiu”, porque mesmo que a situação não seja “louvável”, “aquilo que seria mais ofensivo do sentido nacional era desistir de recuperar a situação”, de “recuperar a credibilidade internacional” e, sobretudo, “desistir de contribuir para impedir a fractura da Europa”.
“É que se a Europa se fracturar, se a ideia europeia enfraquecer, a Europa deixa de ter voz no mundo, porque não há nenhum país europeu, nenhum, sozinho, que tenha capacidade para enfrentar os desafios do globalismo”, defende, considerando que é preciso “um regionalismo forte” europeu.
“Há áreas em que a organização regional tem de se apresentar como um todo”, acrescentou, dando como exemplo o Conselho de Segurança da ONU, onde deveria ter assento a União Europeia e não alguns países membros.
Para Adriano Moreira, é importante sarar e não aprofundar as fissuras da construção europeia, o que “implica um regresso à autenticidade da governança internacional” e uma “racionalização “ das instituições europeias.
“Para Portugal é importantíssimo a unidade da Europa. Enfraqueceria muito a posição portuguesa se a unidade