por Texto da Agência Lusa, publicado por Patrícia Viegas, in Diário de Notícias
A falta de "paz escolar" e as medidas "economicistas", como mais alunos por turma e redução de apoios, preocupam alguns pais, mas outros realçam a capacidade de adaptação das escolas e estão otimistas para o novo ano letivo.
Para o vice-presidente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE), Joaquim Ribeiro, a principal preocupação é que "continua a não haver paz em seio escolar, a guerra salarial mantém-se e isso reflete-se necessariamente na produção dos professores".
A falta de professores no regime especial e de psicólogos também foi um dos pontos listados à agência Lusa pelo representante dos pais, a poucos dias do início do ano letivo 2012/13.
O aumento do número de alunos por turma "é com certeza mais uma das medidas economicistas do Governo e há escolas que não estão preparadas com salas para 30 alunos", salientou Joaquim Ribeiro.
Acerca deste tema, o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), Albino Almeida está tranquilo pois salientou que "os diretores não usaram o número máximo porque as escolas secundárias não comportam mais de 28 alunos, o limite está nas próprias instalações".
Aliás, realçou que "as escolas não tinham de optar pelo número máximo de alunos e portanto, na prática, vamos continuar a ter 28 alunos na maior parte das turmas do segundo e terceiro ciclos".
Albino Almeida tem uma expectativa semelhante à de outros anos, ou seja, "positiva, apesar de existir a necessidade de lidar com várias mudanças e que as escolas estão a acomodar da melhor forma possível pois têm já uma grande capacidade de lidar com as alterações legislativas".
Quanto à quantidade de alunos por escola, a CNIPE considera "um exagero porque há agrupamentos com mais de quatro mil alunos, uma situação [relativamente à qual] os diretores só estão a anuir porque não podem contrariar os patrões, ou seja o Ministério".
O vice-presidente da CNIPE listou também a falta de apoios sociais e a redução dos existentes como "mais uma preocupação" principalmente atendendo ao preço dos livros, "que é exorbitante", assim como as alterações curriculares, que "só tiveram nome, não existiram, o que houve foi um conjunto de medidas economicistas".
Da parte da CONFAP, restam dúvidas acerca dos apoios escolares nos transportes e nos manuais, área em que "existe um défice de trabalho da parte do Ministério", como referiu o presidente, falando na alternativa de as escolas optarem por adotar conteúdos digitais.
Albino Almeida alertou para a "imensa dificuldade" de cumprir uma regra da bolsa de empréstimo de manuais que é "a necessidade de os alunos guardarem os manuais durante um ciclo de ensino e depois devolve-los", proposta que vai trazer "mais problemas que soluções".
Acerca da revisão curricular, a opinião da CONFAP é que "carecia de um maior envolvimento dos parceiros e de uma maior avaliação do que foi feito até agora".
A CONFAP deixou ainda o desafio de que, nos anos em que não há exames, haja testes intermédios que permitam às escolas ter um monitor do trabalho que estão a desenvolver, da qualidade do ensino e da melhoria das aprendizagens.