6.9.12

Países a receber ajuda não podem desmantelar Estado social

in Jornal de Notícias

O presidente da Comissão Europeia defendeu hoje em Bruxelas que os Estados-membros, sobretudo aqueles sob programa, como Portugal, devem melhorar a sua competitividade sem pôr em causa o Estado Social.

José Manuel Durão Barroso, que falava na abertura de uma conferência de dois dias sobre Emprego, organizada pela Comissão Europeia, disse discordar daqueles que defendem que, face aos desafios de competitividade que a Europa enfrenta, deveria ser equacionado o modelo social e a economia social de mercado.

"A Comissão discorda desta análise, precisamente porque sabemos, e podemos vê-lo na prática, que alguns dos países mais competitivos na Europa e do mundo são precisamente aqueles que são mais ativos em termos da europa social que queremos construir", disse.

Segundo José Manuel Durão Barroso, "o que é necessário é adaptar o modelo social aos novos desafios e constrangimentos".

"Sim, temos realmente uma tarefa importante no sentido de melhorar a nossa competitividade, especificamente em alguns dos nossos Estados-membros, mas seria um erro, de todos os pontos de vista, tentar desmantelar o Estado social, tentar desmantelar os nossos modelos sociais, e isto é particularmente importante para os países que estão sob programa e que agora sentem a pressão dos constrangimentos económicos e orçamentais", afirmou.

Tendo como base o pacote de propostas para o Emprego apresentado pelo executivo comunitário em abril passado, a conferência sobre Emprego que decorre entre hoje e sexta-feira em Bruxelas, destina-se a discutir fórmulas para criar políticas de emprego mais fortes, que impulsionem a criação de postos de trabalho e um crescimento sustentável, com vista a estimular a retoma económica e a combater a atual situação nos mercados de trabalho.

Entre as centenas de participantes, especialistas em assuntos laborais, contam-se o secretário de Estado do Emprego, Pedro Silva Martins, que intervirá num painel sobre "o combate ao desemprego nos países sob programa", e a deputada Helena André, anterior ministra do Trabalho, que participa num painel sobre ajustamento e estratégia em termos salariais.

A conferência ocorre num momento em que se continua a assistir a uma escalada do desemprego na Europa.

De acordo com os mais recentes dados do gabinete oficial de estatísticas da União Europeia, o Eurostat, a taxa de desemprego fixou-se em julho passado nos 11,3 por cento na zona euro e nos 10,4 por cento no conjunto da União Europeia, existindo atualmente 25,254 milhões de pessoas desempregadas na UE, 18 milhões das quais na zona euro.

Portugal, com 15,7 por cento, é o terceiro país da UE com uma taxa de desemprego mais elevada, apenas atrás de Espanha (25,1) e Grécia (23,1), sendo também o terceiro país com uma taxa mais elevada de desemprego entre os jovens, que em julho se fixou nos 36,4 por cento, muito acima da média da zona euro (22,6) e da UE (22,5).

"Combater o desemprego é o desafio mais crítico do ponto de vista social" que a Europa atualmente enfrenta, sublinhou Durão Barroso.