13.9.12

Portugueses criticam distribuição dos benefícios económicos

in Jornal de Notícias

Os portugueses são de todos os inquiridos pela edição de 2012 da sondagem Transatlantc Trends 2012 aqueles que mais acreditam que os benefícios do sistema económico se destinam apenas a uma minoria.

Apenas oito por cento dos portugueses, tal como os italianos, responderam que os benefícios são destinados equitativamente para todos, contra 90 por cento que acham que só abrangem uma minoria, no inquérito de 2012 nos EUA, Rússia e 12 países europeus.

Ainda sobre a perceção da justiça do sistema económico, os italianos surgem logo a seguir aos portugueses, com 89 por cento a responderem que os benefícios são só para alguns. Os valores contrastam com 37 por cento dos suecos que responderam que o sistema económico beneficia toda a gente, no país.

Os portugueses, com 34 por cento, também surgem à frente de todos os inquiridos na opinião de que a moeda única tem sido má para a economia, mas que esta deve continuar, e 20 por cento dizem que a moeda única é má e que o país devia abandonar a Zona Euro.

Os espanhóis são aqueles que mais defendem a saída do euro com 27 por cento dos inquiridos dispostos a voltar à peseta, seguidos dos alemães (26 por cento) a desejar o regresso do marco.

O papel da chanceler alemã Angela Merkel face à crise económica é um dos outros assuntos abordados pela sondagem, que pergunta aos inquiridos o que preferem para fazer face à crise: Angela Merkel, A União Europeia ou o seu próprio país.

Em Portugal, 54 por cento dos inquiridos pretende que seja o próprio país a lidar com a crise, 35 por concorda que seja Angela Merkel e 34 por cento a União Europeia.

Oitenta e nove por cento dos inquiridos de Portugal consideram que foram pessoalmente afetados pela crise económica, e estão no topo da lista do total de inquiridos, juntamente com os búlgaros. Ao contrário, os suecos (34 por cento) são os que menos se sentem pessoalmente afetados pela situação económica.

A sondagem indica também que metade dos entrevistados europeus (50 por cento) apoiaria mais cortes nos gastos dos respetivos governos -- o mesmo valor registado em 2011 e que chega aos 58 por cento no caso dos norte-americanos entrevistados.

Neste caso, Portugal é o país com maior grau de apoio aos cortes nos gastos do governo (70 por cento), apesar de se notar um declínio relativamente a 2011 (80 por cento).

O Transatlantic Trends 2012 é um inquérito anual sobre a opinião pública nos Estados Unidos e na Europa. A sondagem foi conduzida entre 02 e 27 de junho, nos Estados Unidos, Turquia, Rússia (que participa pela primeira vez) e 12 estados membros da União Europeia: Bulgária, França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Polónia, Portugal. Roménia, Eslováquia, Espanha, Suécia, e Reino Unido.

Este estudo, que inquiriu cerca de mil pessoas em cada país e tem uma margem de erro de três por cento, é um projeto do German Marshall Fundo of the United States (GMF) e da Compagnia di San Paolo (Turim, Itália), com o apoio da Fundação Luso Americana, a Fundação BBVA (Espanha), a Fundação Communitas (Bulgária), o Ministério dos Negócios Estrangeiros sueco e a Open Society Foundations.