Por Patrícia Posse, in Jornal de Notícias
Casal desempregado e com dois filhos tem de viver com somente 750 euros mensais.
Aos 33 anos, Gorete e Bruno Guedes são a prova viva do quão infrutífero é procurar trabalho num concelho sem oportunidades. Moram na freguesia de Barqueiros e gostariam de trabalhar na terra natal. Porém, "é difícil arranjar emprego" por estas bandas. Inscritos no centro de emprego, nunca foram contactados para entrevistas nem tão-pouco os admitiram para cursos de formação profissional.
Até agosto do ano passado, Bruno garantia o sustento da família através da construção civil. "Começou a faltar trabalho e o patrão teve de despedir", conta. Quando se desloca a Mesão Frio para encontrar nova ocupação, leva "tudo a eito". A resposta é invariável: "Isto está mau, dá para nós e mal, quanto mais para meter empregados". Bruno já contactou empreiteiros em Resende, Peso da Régua, Vila Real e Ermesinde, mas em vão, e também a viticultura não oferece oportunidades.
Gorete, a mulher, está desempregada há mais de um ano, porque a Autarquia local não lhe renovou o contrato. A experiência em agricultura e hotelaria de nada lhe tem valido. Contudo, entre uma bainha e outros arranjos de costura, vai conseguindo ganhar "para comprar pão".
As despesas domésticas e os encargos com os filhos de 1 e 9 anos têm de ser geridas com cerca de 750 euros, resultantes do subsídio de desemprego de Bruno e do rendimento social de inserção da mulher. "Só queria um trabalho e até me sinto mal por receber sem trabalhar", confessa Bruno, que entretém o tempo a fazer peças de artesanato e sempre vai "vendendo alguma coisa".
O casal conta ainda com a ajuda dos pais, que dão roupa e calçado às crianças. "O que poupámos em tempos é o que agora nos safa para pagarmos carro e casa", diz Gorete.