por Sandra Afonso, in RR
Entre 2009 e o início de 2013, as remessas subiram mais de 32%. Só em Janeiro deste ano, ficou no país quase o mesmo valor que o Estado perde com o chumbo do Tribunal Constitucional às taxas sobre os subsídios de desemprego e doença (dois dos artigos chumbados).
Os emigrantes estão a mandar mais dinheiro para Portugal. Os últimos dados apontam para o aumento das remessas no início do ano em mais de 10%, face a Janeiro de 2012.
Ao que a Renascença apurou, trata-se de uma tendência que se tem mantido nos últimos anos, a acompanhar o agravamento da crise do euro.
Em 2008, ano em que rebentou a crise, os emigrantes travaram o envio de remessas, mas a partir daí os valores têm vindo a aumentar de modo consistente, segundo informação do Banco de Portugal.
De acordo com os últimos dados disponíveis, em Janeiro, o país recebeu quase 217 milhões de euros – mais 10% do que em igual período do ano anterior. No mesmo mês, saíram de Portugal 45 milhões, enviados por trabalhadores estrangeiros.
Contas feitas, o saldo é positivo e ultrapassa os 171 milhões e meio de euros, quase o mesmo valor que o Estado vai deixar de poupar com o chumbo do Tribunal Constitucional às taxas sobre os subsídios de desemprego e doença.
Em comparação com Dezembro, as remessas caíram mais de 25% no primeiro mês deste ano, mas é apenas um efeito sazonal, dado que, todos os anos, as remessas aumentam muito em Julho e Dezembro, por altura do pagamento dos subsídios de férias e Natal.
Se recuarmos até Janeiro de 2009, podemos concluir que, a acompanhar a crise, as remessas subiram mais de 32%.
No ano passado, entraram no país cerca de 2.750 milhões de euros, o valor mais alto da última década – ou seja, cerca do dobro do buraco deixado pelo chumbo do Constitucional.