por Lusa, texto publicado por Paula Mourato, in Diário de Notícias
O projeto Igreja Solidária, do Patriarcado de Lisboa, recebeu em 2012 uma média de oito pedidos por mês, a maioria de famílias monoparentais que necessitam de ajuda para pagar casa, água e luz, segundo números divulgados hoje à Lusa.
Lançado a 17 de abril de 2009, o projeto entrou em funcionamento em outubro desse ano para responder a situações de pobreza criadas pela crise.
Desde essa altura recebeu 234 pedidos, dos quais 206 foram aprovados, e atribuiu uma verba total de 200.280,06 euros para responder às solicitações das paróquias, centros Paroquiais, conferências de São Vicente Paulo e outros grupos e movimentos.
Sobre o destino das verbas atribuídas, a maioria (95) destinou-se a famílias, 66 a agregados monoparentais, 43 a pessoas singulares e oito a instituições, segundo o balanço do projeto.
Nos primeiros três meses deste ano, a Igreja Solidária já recebeu 22 pedidos e atribuiu cerca de 10 mil euros.
Em 2012, houve um aumento de pedidos de famílias monoparentais, tendo apoiado 35 agregados femininos, mais 19 do que em 2011.
"Verifica-se uma total desresponsabilização parental masculina, não participam nem contribuem para o bem-estar das crianças", sublinha o relatório de balanço do projeto.
Em 2012, foram aprovados 83 pedidos dos 85 apresentados, mais 27 do que no ano anterior, tendo sido atribuídos quase 43 mil euros, (menos 7.700 euros face a 2011).
A maioria dos apoios (51) foi para pagamento de rendas ou mensalidade do crédito à habitação, seguindo-se os pagamentos da luz (10), da água (nove) e próteses oculares (sete).
Houve ainda apoios residuais para pagamentos do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), de medicação, de regularização da permanência em Portugal e de mensalidades escolares.
A maior parte dos pedidos (44) foram apresentados por centros sociais paroquiais, 13 por conferências de São Vicente de Paulo, 12 por paróquias, oito por Cáritas paroquiais e seis pela Cáritas Diocesana de Lisboa.
Embora um número limitado de instituições apresente pedidos regularmente, verifica-se, efetivamente, que um leque mais abrangente de instituições recorreu ao fundo diocesano em 2012".
Em declarações à Lusa, o coordenador do projeto explicou que o número de pedidos depende da "dinâmica que existe nas paróquias".
"Não atendemos mais porque as paróquias ou resolvem in loco o problema ou então não se dão ao trabalho de fazer um pequeno relatório da necessidade da pessoa que lhes bate à porta", disse o cónego Francisco Crespo.
O responsável faz um "balanço positivo" do projeto, considerando que "está devidamente calculado para ninguém que recorra fique sem resposta".
Para não dar dinheiro "ao desbarato", foi feito um regulamento que determina que a pessoa com dificuldades tem de dirigir-se a um técnico da paróquia ou da instituição da zona.
"Isto tem ajudado a que muitas comunidades tenham criado várias iniciativas, como bancos alimentares, distribuição de roupas, alimentos, até refeitórios" para dar resposta a muitas situações, explicou Francisco Crespo.
O responsável adiantou que a Igreja Solidária nunca recorreu ao fundo nacional solidário: "vivemos com as ofertas que têm chegado anonimamente. Temos sobrevivido assim, ainda temos algum saldo, mas não é muito".
Em 2012 entraram 33.089,39 euros na conta do fundo, atribuíram-se 42.801,87 euros, sendo o saldo a 15 de abril de 48.831,12 euros
A Diocese de Lisboa integra 22 Concelhos, dos quais 12 já recorreram ao projeto.