por Lusa, publicado por Ana Meireles, in Diário de Notícias
O Presidente da República assinalou hoje em Lima que sem justiça social não há democracia política e sublinhou que "não há justiça social sem atenção às necessidades básicas dos que mais precisam".
Numa intervenção no seminário económico Portugal-Peru, que decorreu em Lima, Cavaco Silva destacou o facto de Portugal possuir competências que podem ser úteis aos esforços de desenvolvimento social que estão a ser feitos pelas autoridades peruanas.
"Em Portugal, a consolidação da democracia foi acompanhada por um forte aprofundamento da disponibilização de cuidados de saúde e de serviços de apoio às populações", recordou, frisando que "não há democracia política sem justiça social".
"E não há justiça social sem atenção às necessidades básicas dos que mais precisam. Esta é uma lição que Portugal retirou da sua experiência de quase 40 anos de regime democrático", acrescentou.
Assinalando que, apesar da distância geográfica, as afinidades entre Portugal e o Peru surgem com naturalidade, o chefe de Estado português lembrou a língua de origem comum, a atração pelo mar, além de outros interesses "mais mundanos", como o futebol.
"Embora o Presidente [peruano, Ollanta] Humala me tenha dito que as coisas não estão muito bem com a seleção do Peru, esperemos que recupere. Portugal também está a fazer uma luta que não é nada fácil para estar presente no Brasil, na final da Copa do Mundo", gracejou.
Estas afinidades, continuou, fazem com que por maioria de razão deve ser feito um esforço acrescido para portugueses e peruanos se conhecerem melhor e aprofundar o seu relacionamento.
Falando perante os cerca de 40 empresários que viajaram desde Lisboa integrados na comitiva presidencial e outras tantas dezenas de empresários peruanos, o Presidente da República assinalou que as parcerias empresariais e o comércio entre os dois países estão "muito aquém do seu potencial, que é indiscutivelmente elevado".
"É nosso desejo - e aqui lanço um repto aos empresários - incrementar os laços económicos e comerciais entre os dois países, para que estes possam atingir nível idêntico ao que caracteriza o diálogo político e a cooperação diplomática entre Portugal e o Peru", defendeu.
Apresentando Portugal como uma democracia estável, uma economia aberta e moderna e "uma nação que abre portas à iniciativa dos empresários peruanos", Cavaco Silva enfatizou que através de Portugal estes podem encontrar novas vias de acesso ao "gigantesco mercado europeu", nomeadamente com os "famosos espargos peruanos".