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Portugal faz parte do grupo de 10 países que o Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que enfrenta maiores riscos de consolidação orçamental, uma vez que a dívida pública supera os 90% do produto e continua a subir.
De acordo com o 'Fiscal Monitor', hoje divulgado pelo Fundo, além de Portugal, também França, Bélgica, Itália, Reino Unido, Grécia, Espanha, Irlanda, Estados Unidos e Japão estão no mesmo grupo.
Os autores do relatório referem que Portugal - tal como a Irlanda, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos - tem ainda "um caminho a percorrer" em termos do ajustamento residual (perto de 5,5% do Produto Interno Bruto, PIB, em média).
"Uma vez que esta consolidação seja alcançada, todos estes países vão precisar de manter excedentes primários grandes no médio prazo. Na ausência de reformas aos direitos adquiridos, o aumento projetado na despesa relacionada com a idade significa que vão ser precisas medidas adicionais ao longo do tempo para manter um excedente primário constante, sobretudo no caso dos Estados Unidos", lê-se no 'Fiscal Monitor'.
No entanto, o Japão é a economia com maiores necessidades de ajustamento orçamental, de acordo com o mesmo relatório, que indica que Tóquio precisa de um ajuste equivalente a 16 pontos percentuais do PIB para alcançar um saldo primário de 7% do PIB em 2020 (o nível definido para este horizonte para a economia japonesa).
No relatório, a instituição liderada por Christine Lagarde informa que, apesar de serem apenas 10 economias com um rácio de dívida já acima dos 90% do PIB e a crescer, representam no conjunto mais de 40% da riqueza global, o que significa que "o sucesso ou o fracasso dos seus esforços vai ter profundas implicações na economia mundial".
Além disso, o 'Fiscal Monitor' alerta que "o ambiente atual é muito menos amigável [do que no período após a II Guerra Mundial] e implica riscos elevados, ainda que incertos".
Entre os riscos apontados pelo FMI está o elevado endividamento público, "que gera taxas de juro mais altas e um crescimento mais lento".
O Fundo explica que "altos níveis de endividamento tornam as finanças públicas mais vulneráveis a choques futuros, porque limitam a capacidade de os governos adotarem políticas contra cíclicas".
Os riscos orçamentais são ainda afetados, acrescenta o relatório, "não só pelo que está nos balanços dos governos mas também pelo que potencialmente pode estar lá", ou seja, "olhar apenas para os rácios atuais da dívida pode resultar numa subavaliação dos riscos orçamentais que um país enfrenta".
"Os riscos em alguns países podem ser maiores do que aparentam, por causa dos passivos contingentes que não são registados nas estatísticas de dívida", reporta o 'Fiscal Monitor', dando como exemplos os casos da Islândia e da Irlanda, cujos rácios da dívida cresceram em 60 a 70% do PIB, apesar de as posições orçamentais pré-crise serem aparentemente seguras, devido aos setores financeiros sobredimensionados que precisaram de enormes apoios públicos.