in Notícias ao Minuto
O comissário europeu para os Assuntos Económicos, Olli Rehn, acusou hoje o Fundo Monetário Internacional (FMI) de "lavar as mãos e deitar a água suja para os europeus", com as críticas aos resgates à Grécia.
Segundo a edição ‘online’ do Financial Times, Olli Renh, responsável pela gestão dos dois resgates à Grécia, comparou o duro relatório do FMI sobre a gestão do primeiro resgate à Grécia, de 110 mil milhões de euros, com uma brecha no princípio transatlântico “entrar juntos, sair juntos” desenvolvido na guerra dos Balcãs nos anos 1990.
“Penso que não é justo o FMI lavar as mãos e deitar a água suja para os europeus”, afirmou Renh, que falava hoje numa conferência económica em Helsínquia.
Nesta conferência, o comissário europeu também afirmou estar inquieto com os projetos da França e da Alemanha para aumentar o papel dos governos na tomada de decisões na zona euro.
“Estou inquieto com algumas propostas apresentadas em relação à governação económica [da zona euro]. Em numerosos aspetos, a França e a Alemanha parecem propor que o roteiro seja reinventado”, afirmou.
No final de maio, o presidente francês, François Hollande, anunciou depois de uma reunião com a chanceler alemã, Ângela Merkel, que a França e a Alemanha tinham concordado na defesa de um presidente do Eurogrupo “a tempo inteiro” e com “meios reforçados”.
Para Rehn, que não precisou com que iniciativas discordava exatamente, os planos da França e da Alemanha comprometeriam o atual funcionamento, baseado no poder das propostas e das recomendações da Comissão Europeia.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) esclareceu quinta-feira que os "erros" no primeiro resgate à Grécia devem ser avaliados no contexto de uma "crise excecional" e da urgência em atuar, considerando que, com a mesma informação, "teria feito o mesmo".
"O relatório avalia como se podiam ter feito as coisas de maneira diferente. Mas, neste momento, com a mesma informação, teríamos feito o mesmo", afirmou Gerry Rice, porta-voz do Fundo, na sua conferência de imprensa diária, respondendo às perguntas dos jornalistas sobre o documento divulgado na quarta-feira em que o FMI reconhece "falhanços notáveis" no primeiro programa de resgate da Grécia.
No entanto, Gerry Rice afirmou que "há que recordar a intensa crise da Grécia, em muitos casos sem precedentes, e que era preciso atuar rapidamente", enfatizando que "é importante avaliar o contexto".
Além disso, acrescentou, o relatório do FMI sobre o primeiro resgate à Grécia, aprovado em 2010 juntamente com a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu, supõe "um olhar para o passado" e que "o novo programa internalizou as lições do primeiro".
A Comissão Europeia disse "discordar fundamentalmente" de algumas das conclusões do relatório divulgado na véspera pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Questionado sobre o documento do FMI, o porta-voz dos Assuntos Económicos alegou que o relatório foi elaborado "por alguns técnicos do FMI" e não reflete uma "posição oficial" da instituição, com quem, asseverou, o executivo comunitário mantém uma "relação de trabalho construtiva", incluindo no programa de assistência a Portugal.
Sublinhando que Bruxelas discorda de várias (e importantes) conclusões do documento, como a questão da reestruturação da dívida grega, Simon O’Connor garantiu ainda que o mesmo não alterará a forma de trabalho no seio da 'troika', considerando que a UE e o FMI estão a trabalhar muito bem, incluindo nos casos dos outros países sob programa de assistência financeira, designadamente Portugal e Irlanda.