por Sandra Afonso, in RR
“Estratégia para a promoção do emprego e a dinamização do desenvolvimento local enquanto factor de inclusão social" é o nome do documento promovido pela Cáritas Portuguesa, que aponta a agricultura, as artes e os ofícios tradicionais como algumas áreas para garantir emprego.
São 15 as propostas avançadas num estudo que vai ser apresentado esta terça-feira em Lisboa, com vista a erradicar a pobreza e a exclusão social em Portugal.
O trabalho é promovido pela Cáritas Portuguesa, com o apoio do Fundo Social Europeu, e avança novas respostas às alterações climáticas, ao envelhecimento da população e à predominância do sector financeiro.
Com o título "Estratégia para a promoção do emprego e a dinamização do desenvolvimento local enquanto factor de inclusão social", é na inovação social que é feita a grande aposta.
O estudo considera a meta de Portugal no que toca à redução da exclusão social pouco ambiciosa: chegar aos 8% das pessoas nesta condição até 2020.
A resposta, defende o documento, passa por uma aposta na economia social, já responsável por 7% da taxa de emprego do país. Mas esta deve deixar de ser altamente dependente de apoios públicos, o que já não é sustentável. Tem de mobilizar riqueza privada e de gerar valor acrescentado.
Agricultura, artes e ofícios tradicionais, reabilitação urbana e de monumentos e serviços às famílias são algumas das áreas com forte potencial de empregabilidade.
Por exemplo, recuperando os ofícios de carpinteiros, serralheiros, engraxadores e vendedores ambulantes, por exemplo, bem como o de motorista sem viatura, que conduz o carro de alguém que já não o pode fazer.
Outra área prioritária é a economia ambiental, com a criação do que se chama “empregos de colarinho verde”, como a reparação e reutilização de materiais, o paisagismo, a agricultura orgânica e trabalho nas energias renováveis.
Destaque ainda para o sector branco, que se move na saúde e na assistência social, onde o envelhecimento da população tem criado cada vez mais oportunidades, e para as empresas de inserção, que criam empregos na prestação de serviços para quem tem menos competências ou deficiência física ou mental.
O estudo sugere ainda a criação da Bolsa de Projectos – potenciais negócios reunidos em incubadoras regionais, que promovem a formação dos interessados e canalizam financiamento.
Para o sucesso desta solução são necessárias políticas mais favoráveis, ao nível dos impostos e da regulação, avança ainda o documento, que vai ser apresentado na presença do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, e do ministro da Solidariedade e Segurança Social, Pedro Mota Soares. Estão ainda convidados o Presidente da República, Cavaco Silva, e o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira.
O presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio da Fonseca, é o convidado do programa "Terça à Noite", de hoje. Para ouvir na Renascença, depois do noticiário das 23h00.