in Jornal de Notícias
O Fundo Monetário Internacional alertou que, no curto prazo, o principal risco de Portugal é "a combinação de um ajustamento orçamental com uma desalavancagem do setor privado", considerando que isso poderia "reduzir ainda mais o crescimento projetado".
Na sua análise no âmbito da sétima avaliação do programa de ajustamento português, hoje divulgada, o Fundo refere que as "perspetivas incertas" de crescimento na Europa aumentam o risco de contração da procura e das exportações portuguesas.
Além disso, o FMI aponta que a força do euro atualmente "pode limitar ainda mais os ganhos de quota de mercado" de Portugal nos mercados de exportação importantes para o país fora do espaço da moeda única.
A instituição liderada por Christine Lagarde aponta ainda que, com a melhoria "apenas modesta" nos indicadores de competitividade, há o risco de que "as reformas em curso, ainda que amplas, sejam insuficientes para aumentar as condições de procura".
O Fundo alerta também para a situação política e social que se pode "deteriorar ainda mais", complicando assim o processo de reforma em curso.
Quanto às previsões macroeconómicas, o Fundo confirma as alterações já apresentadas pelo ministro das Finanças, Vítor Gaspar, a 30 de abril, apontando para uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) de -2,3%, uma taxa de desemprego de 18,2% e um défice de 5,5% do produto para este ano.
As estimativas do FMI estão em linhas com as do Governo até 2016, ano em que tanto o executivo como o Fundo estimam que o PIB esteja a crescer 1,8% e que a taxa de desemprego esteja nos 17,5%.
Em relação ao défice, o Fundo espera que este seja de 1,9% do PIB em 2016, mas Vítor Gaspar apresentou uma previsão mais otimista, apontando para os 1,2%.
Ao longo da sétima avaliação, as metas para o défice foram revistas em alta pela segunda vez: Portugal comprometeu-se agora a atingir um défice de 5,5% este ano, de 4,5 em 2014 e de 2,5% em 2014.