12.11.13

Silva Lopes rejeita “euforia” e teme descida do PIB em 2014

in iOnline

Quanto às medidas que contemplam o crescimento económico, o economista considerou que a "baixa do IRC só vai beneficiar empresas muito lucrativas e não são essas que podem dinamizar a economia", e sim o sector exportador
O economista José Silva Lopes desvalorizou hoje a "euforia" em torno dos números das exportações e do desemprego e mostrou-se preocupado com as medidas do Orçamento do Estado que podem implicar um recuo do PIB em 2014.

Silva Lopes, que falava na conferência anual da Ordem dos Economistas em Lisboa, admitiu "uma descida substancial do PIB [Produto Interno Bruto] para o ano" e mostrou-se "cético" com a "grande euforia em que o país anda a embarcar", considerando que "com este orçamento o pequeno crescimento que se está a verificar no PIB vai descer".

Considerou "exagerada" a "euforia" com os números das exportações, salientando que "sem o petróleo o aumento foi só de 1%" e declarou-se "pasmado" com os festejos devido à descida da taxa de desemprego.

"Isto significa que os desempregados portugueses foram arranjar emprego lá fora. Então vamos festejar isto?", interrogou-se.

O economista frisou que "o acordo da 'troika', até agora, tem sido um falhanço completo", lembrando que os défices orçamentais foram sempre superiores ao que estava programado anteriormente.

"O défice orçamental foi sempre pior e o crescimento económico sempre mais baixo" devido ao "ciclo vicioso da austeridade que nos tem estado a afligir de forma brutal", apesar do Governo e os alemães "não quererem reconhecer", criticou.

Numa análise comparativa da estrutura da despesa pública entre Portugal e a União Europeia, lamentou que Portugal fique abaixo da média na saúde e na proteção social, pelo que "fazer disto um objetivo de redução da despesa não é muito apropriado".

Para Silva Lopes, o Governo também foi "longe demais" no corte salarial da função pública.

Quanto às medidas que contemplam o crescimento económico, o economista considerou que a "baixa do IRC só vai beneficiar empresas muito lucrativas e não são essas que podem dinamizar a economia", e sim o setor exportador.

As exportações portuguesas aumentaram 5,8% e as importações subiram 3,6% no terceiro trimestre, face ao mesmo período de 2012, tendo o défice da balança comercial recuado 137,3 milhões de euros, divulgou esta segunda-feira o Instituto Nacional de Estatística.

A 'troika' é composta pelo Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu.