in Jornal de Notícias
O presidente da Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portuguesa, Carlos Vinhas Pereira, considera que os clichés que existem, por parte de Portugal, em relação aos emigrantes, são um entrave ao investimento em Portugal.
Carlos Vinhas Pereira, citado pela Agência Lusa, disse que as empresas de emigrantes ou lusodescendentes estão a chegar à conclusão de que é vantajoso "em termos económicos" produzir em Portugal, e que "o facto de serem portugueses facilita em termos de negociação e de implantação".
No entanto, verifica-se uma certa resistência por parte de Portugal, havendo empresas que esperam há cerca de dez anos pela aprovação do seu projeto.
"O que tem que haver do outro lado (de Portugal) é uma aceitação do facto de cada vez mais empresas portuguesas (de emigrantes) quererem e deverem investir, e que o Governo incite a investir".
Vinhas Pereira sublinhou que "já não é o primeiro governante (português) que diz que a resolução da crise pode passar pela comunidade portuguesa, em geral, e pela comunidade empresarial em particular, porque vão investir, vão empregar pessoal e isto é bom para a economia portuguesa".
Apesar deste reconhecimento o investimento continua a ser bloqueado.
"As pessoas que bloqueiam este tipo de investimentos por razões administrativas, por razões que às vezes não se explicam, ainda lá estão. Ou seja, não houve uma evolução de gerações. Quando amanhã tivermos uma evolução de gerações nos próprios domínios dos municípios, da administração portuguesa, vamos ter também uma evolução de mentalidade e de aceitação do investimento do português de fora de Portugal".
O presidente da Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portuguesa (CCIFP) acredita que "daqui a dez anos" haverá "uma situação completamente diferente da que temos hoje". "As pessoas vão-se renovando e vamos ter pessoas com mais compreensão, mais novas, com uma visão do mundo completamente diferente".
Carlos Vinhas Pereira sublinhou que estes portugueses e lusodescendentes "podiam muito bem esquecer Portugal", porque "não precisam de Portugal", mas insistem em investir no país de origem.
O presidente da da Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portuguesa falou à Lusa à margem da primeira jornada organizada pela Association des Diplômés Portugais en France (Associação dos Diplomados Portugueses em França - AGRAFr), que teve lugar este sábado na delegação francesa da Fundação Calouste Gulbenkian.