21.11.13

Portugal gastou menos 2,2% em saúde nos primeiros anos da crise

in Jornal de Notícias

Portugal gastou menos 2,2% na saúde entre 2009 e 2011, revertendo a tendência de aumento médio entre 2000 e 2009 de 1,8%, revela o relatório 'Health at a Glance 2013', da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.

Segundo a OCDE, os primeiros anos de crise económica internacional inverteram a tendência de aumento constante dos gastos com a saúde, com 11 dos 33 países da organização a chegarem a gastar menos neste setor.

"A despesa total em saúde caiu em um em cada três países da OCDE entre 2009 e 2011, com os mais atingidos pela crise a serem os mais afetados", lê-se no relatório agora divulgado.

Para a organização com sede em Paris, e que reúne a maioria dos países mais avançados do mundo, os dados comprovam a importância de "os países tornarem os seus sistemas de saúde mais produtivos, eficientes e financeiramente comportáveis".

A Grécia, o país mais afetado pela crise económica, viu os seus gastos com a saúde diminuírem 11,1% entre 2009 e 2011, e a Irlanda gastou menos 6,6% nesse período.

Entre as áreas mais afetadas por esta mudança na tendência de aumento dos gastos em saúde estão o preço dos bens médicos, especialmente medicamentos, restrições orçamentais e cortes nos gastos dos hospitais, diz o relatório, que sublinha ainda que mais de três quartos dos países da OCDE cortaram em programas de prevenção em 2011 face a 2010, e metade gastou menos do que em 2008.

"Os cortes em programas rentáveis [comparando o custo com o benefício] de combate à obesidade, uso abusivo do álcool e tabaco são uma fonte de preocupação", diz o relatório, lembrando que quaisquer benefícios de curto prazo nestes cortes são provavelmente anulados pelos gastos mais avultados a longo prazo não só na própria despesa do Estado, mas também na saúde dos cidadãos.

As reduções na oferta de cuidados de saúde e as alterações ao financiamento - chamando os cidadãos a pagarem mais - estão a afetar o acesso à saúde, nota a OCDE, exemplificando com os tempos de espera para algumas cirurgias em Portugal, Espanha, Inglaterra e Irlanda, que "depois de anos de melhoramento, estão agora a aumentar".