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“Não se pode permanecer indiferente perante múltiplas situações de injustiça que impedem o correcto desenvolvimento dos homens”, citou D. Manuel Clemente.
O Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, recuperou o diagnóstico da sociedade portuguesa feito pelos bispos um ano antes do 25 de Abril, durante uma intervenção, esta terça-feira, na abertura de um debate sobre "Portugal, Estado, Sociedade e Soberania", que decorreu no Grémio Literário, em Lisboa.
D. Manuel Clemente a puxar pela Carta Pastoral assinada pelos bispos em Maio de 1973, a propósito dos dez anos da encíclica "Pacem in Terris", do Papa João XXIII. “Não se pode permanecer indiferente perante múltiplas situações de injustiça que impedem o correcto desenvolvimento dos homens”, citou o Patriarca de Lisboa.
Os bispos de então, recordou o Patriarca, alertaram para “a condição infra-humana em que tantos vivem, diminuídos por graves carências alimentares, habitacionais, sanitárias, de emprego, educacionais e culturais”.
Os bispos portugueses de há 40 anos também mencionaram “a existência de limitações, não raro injustificadas, ao pleno exercício dos direitos e garantias fundamentais das pessoas e dos grupos”, recordou D. Manuel Clemente.
Noutra passagem da Carta Pastoral, os bispos criticaram “a expansão de uma economia que não está ao serviço de todos” e “a oferta e aceitação de condições de trabalho despersonalizantes, nas quais o homem é equiparado à máquina”.
“O diagnóstico da sociedade portuguesa no 10º aniversário da encíclica ‘Pacem in Terris’, do Papa João XXIII, ainda hoje muito sugestivo, muito de reter, muito de recuperar”, concluiu D. Manuel Clemente na sua intervenção, que abriu o debate organizado pelo Clube Português de Imprensa e Centro Nacional de Cultura (CNC).