Leonor Paiva Watson, in Jornal de Notícias
Construir parcerias entre empresas e instituições sociais foi o mote do Iº Laboratório do Voluntariado, ocorrido esta semana, em Lisboa. A ideia é continuar a partilhar estratégias.
É a primeira iniciativa conjunta da confederação Portuguesa de Voluntariado (CPV) e do Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial (Grace) e pretende promover o voluntariado empresarial e institucional, estabelecendo uma plataforma de entendimento entre estes dois setores, com linguagens, tempos e estruturas tão diferentes. No fundo, o objetivo é ensinar as instituições sociais a pedirem ajuda, oferecendo contrapartidas; e ensinar as empresas a olharem para as necessidades da sociedade e a terem mais responsabilidade social.
"É um processo difícil e longo, e muitos dos pedidos que chegam, por exemplo, chegam mal feitos, sem um plano, sem uma oferta de retorno, sem contrapartida. Com este laboratório quisemos partilhar experiências, explicar como se faz, como se pode trabalhar em parceria", avança Paula Guimarães, coordenadora do Grace.
O fundamental "é que a parceria seja proveitosa para todos". Paula Guimarães dá o exemplo da Fundação Everis e da Associação Vida e Paz. "A primeira precisava de testar um instrumento de trabalho, e a segunda de um instrumento que medisse no terreno o sucesso da sua intervenção. Juntaram-se e, sem custos, ambas tiveram o que pretendiam", conta.
Esta partilha pode, todavia, não ser tão direta. Guimarães dá o exemplo da Fundação Montepio - aonde chegam 150 pedidos de ajuda por mês - e das parcerias que mantém na área social. "Em troca do apoio dado pelos nossos voluntários numa qualquer ação, algumas das associações apoiadas ajudam depois outras associações nossas parceiras com formação específica a mais voluntários", concretiza. Ganham as instituições e ganha o Montepio, que conquista cada vez mais mercado nesta área da economia social.
Programas permanentes
As parcerias podem ser de curta, média ou longa duração. Das 104 empresas associadas à Grace, a maioria tem programas de voluntariado, mas apenas um terço desenvolve esta atividade em permanência.
Um dos objetivos é, precisamente, incentivar cada vez mais o voluntariado empresarial. Explicar às empresas que isto passa por disponibilizarem os seus trabalhadores para, durante o seu horário de trabalho, darem algum tempo a uma qualquer IPSS. "Uma sociedade de advogados pode, por exemplo, dispensar um advogado para este dar algum apoio legal a uma IPSS", exorta.