Paulo Lourenço, in Jornal de Notícias
Milhares de pessoas, crianças incluídas, dependem atualmente da ajuda de instituições para se alimentarem. Nas grandes cidades, há muitos casos em que as refeições oferecidas são as únicas do dia.
A imagem de uma fila de sem-abrigo à porta da "Sopa dos Pobres" ou à espera de uma carrinha de distribuição alimentar na rua de uma grande cidade está ultrapassada. Com a crise e os altos níveis de desemprego, o fenómeno alargou-se a outros setores da sociedade. No Porto, em Lisboa, ou Setúbal, três grandes centros urbanos, o JN testemunhou que há cada vez mais famílias inteiras a comerem apenas o que mãos solidárias lhes fazem chegar. E cada vez mais crianças a integrar esta lista.
Muitos dos "novos pobres" não querem dar a cara. Entende-se. Até há pouco tempo, pertenciam à classe média. Pagavam empréstimo da casa, tinham filhos a estudar e comida não faltava. Bife ou salsicha enlatada, consoante as possibilidades de cada um, mas, pelo menos, uma refeição condigna.