15.4.14

Luís já pôs 350 mil pessoas a procurar negócios no Facebook

Texto de Mariana Correia Pinto, in Público on-line (P3)

A plataforma de compra e venda de usados Negócios na Hora funciona no Facebook e quer alterar a forma como encaramos o comércio electrónico. Por dia, há 1500 novos anúncios online

Foi quando tentou comprar online uma bicicleta que Luís Miguel Rufo se apercebeu das dificuldades que um simples negócio podia acarretar. “Além de não encontrar uma boa oferta, a comunicação com o vendedor foi muito demorada e acabei por perder o interesse.”

A dificuldade conduzi-o a um grupo brasileiro do Facebook, onde estudantes de intercâmbio colocavam à venda artigos que não queriam levar de volta para casa. Lá, o bracarense licenciado em Direito encontrou a bicicleta que queria para as deslocações para a universidade no Brasil, onde estava a completar uma pós-graduação.

O conceito conquistou-o e Luís Miguel Rufo decidiu replicá-lo em Portugal: “Falei com três amigos para tentar fazer uma coisa parecida em Braga, no Porto e em Viana do Castelo”, contou ao P3.

Em três meses, a plataforma de compra e venda de artigos usados no Facebook Negócios na Hora tinha juntado 40 mil utilizadores recorrendo apenas à rede de contactos dos fundadores. No fim de Março, 19 meses depois da criação do primeiro grupo, há 350 mil membros que procuram negócios na plataforma.

A “introdução do conceito de 'ecommerce' social” em Portugal foi feita com o objectivo de alterar a forma como se faz comércio electrónico: “Em três segundos faz-se um anúncio. É muito simples, rápido e eficaz”, acredita Luís, um dos fundadores do projecto, que o gere sozinho desde 2013.

Onze cidades

A Negócios na Hora divide-se em grupos do Facebook distribuídos por zonas geográficas: para já, alem dos pioneiros Braga, Porto e Viana do Castelo, já há grupos em Lisboa, Coimbra, Aveiro, Funchal, Bragança, Faro, Vila Real e Viseu.

A “comunicação mais directa” — através de comentários no Facebook em vez de email —, e o facto de ser usado sempre um “perfil pessoal” fazem com que o nível de satisfação dos utilizadores seja grande. Um estudo interno da empresa, que inquiriu 1100 utilizadores, concluiu que 93% recomendam o serviço, 95% fizeram um bom negócio e igual percentagem vão continuar a usar a Negócios na Hora.

Talvez por isso, os pedidos para criação de mais grupos "não param de chegar". Mas isso é projecto para concretizar no futuro, contou Luís: “Antes disso quero encontrar um investidor, acrescentar membros à equipa, talvez construir uma nova plataforma."

O investimento no projecto não é financeiro, mas é grande: “Sete horas por dia, sete dias por semana”, contabilizou Luís Miguel Rufo numa entrevista telefónica. A justificação para um volume de trabalho tão grande? O números da plataforma respondem: por dia são colocados 1500 novos anúncios (que precisam de ser aprovados pelo administrador antes de estarem online) e a cada mês há mais 18 mil pessoas a entrarem nos grupos.

Para vender um artigo basta fazer um anúncio, onde fotografia e preços são requisitos obrigatórios. Os utilizadores são maioritariamente jovens (18 – 34 anos) e homens (75%). Os produtos mais vendidos por homens são telemóveis, smartphones, computadores, consolas, carros e motas; as mulheres vendem mais roupa, calçado, acessórios, móveis, electrodomésticos e decoração.