Por Beatriz Morais Martins, in TSF
No Dia da Criança em plena pandemia de Covid-19, com ajuda da Unicef, a TSF foi conhecer as diferentes realidades dos mais pequenos em diversos países.
A Covid-19 tem sido menos agressiva nas crianças, mas também as afeta. Luis Pedernera, o Presidente do Comité dos Direitos das Crianças da ONU, alerta que os estados têm de pensar nas crianças e nas diferentes realidades dos países, já que "as crianças sofrem os efeitos colaterais das políticas para fazer face a pandemia".
Luis Pedernera considera que as políticas públicas aplicadas pelos estados durante a pandemia foram em jeito de improviso, mas sem sentido de perspetiva das diferentes realidades.
"A primeira resposta dos governos foi a quarentena. Há um padrão nas decisões. Foram tomadas para uma criança ocidental, com pai e mãe, morada, pátio, acesso à internet e as necessidades básicas satisfeitas", afirma Luis Pedernera.
As consequências económicas da pandemia estão a ser devastadoras, garante Luis Pedernera que defende que o modelo económico deve ser repensado. O número de crianças em risco de pobreza está a ser uma das grandes preocupações da ONU.
"O português António Guterres disse que no mundo, durante a pandemia, entre 42 a 66 milhões de crianças estavam em precariedade e em risco de pobreza. A UNICEF já revelou que por dia, 16 mil crianças com menos de cinco anos podem morrer por causas evitáveis", revela Luis Perdernera.
O Presidente do Comité dos Direitos das Crianças da ONU admite que o processo de recuperação da pandemia da Covid-19 não vai ser fácil, mas defende que no futuro, para que não se cometam erros, as crianças devem ser ouvidas.
Há um padrão nas decisões. Foram tomadas para uma criança ocidental
"Os dedos da minha mão servem para contar os chefes de Estado que consultaram as crianças, que conversaram com elas, que lhes explicaram o que ia acontecer. A criança foi a grande desinformada no processo de tomada de decisões. E é curioso, porque os que foram esquecidos, foram os que respeitaram mais as medidas. A principal de confinamento mas também aceitaram estar longe dos seus avós e amigos", sublinha Luis Pedernera.
Durante a pandemia da Covid-19 "os direitos das crianças não foram tidos em conta", garante Luis Pedernera.