19.6.20

Carta aberta dirigida aos poderes políticos pede estratégia para a pobreza em Portugal

in SicNotícias

Rede Europeia Anti-Pobreza Portugal avança com propostas em "dez áreas fundamentais".

Uma carta aberta dirigida aos poderes políticos sobre a pobreza em Portugal foi hoje lançada com o objetivo de ser definida com urgência uma estratégia para combater este problema que se agravou com a pandemia de Covid-19.
Promovida pela Rede Europeia Anti-Pobreza Portugal, a carta aberta conta com o apoio de 22 personalidades e foi entregue na quinta-feira ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

"Temos de garantir uma política social solidária com uma ação multidisciplinar e integrada junto das famílias pobres, combatendo os problemas estruturais que estão na origem da pobreza, não se limitando essa ação à mera distribuição de recursos, muitas vezes parcos e mesmo assim sujeitos a um racionamento frequentemente questionável. Mas este combate não pode ser apenas travado pelos órgãos do Estado. É um combate nosso, de todo o Portugal", sustenta a carta aberta, publicada hoje no jornal Público.

São propostas "dez áreas fundamentais" de atuação

Os promotores da iniciativa consideram que é "urgente" fazer um caminho e propõem "dez áreas fundamentais" para "um maior bem-estar da população que vive enredada na miséria em que nasceu ou para que foi atirada e em apoios inconsequentes e insuficientes".

Entre as áreas propostas estão "o crescimento socioeconómico vocacionado para o desenvolvimento e bem-estar de todos os cidadãos", acesso ao ensino, apoios à infância e garantir que o sistema de saúde protege os mais pobres.

Na carta aberta é também "particularmente aconselhável" que seja repensado o modelo de atribuição do rendimento social de inserção e que seja promovida "eficazmente medidas que conduzam a um melhor equilíbrio geracional", tendo em conta que a população portuguesa está envelhecida.

Os promotores da iniciativa consideram que deve ser promovido o interior do país, uma vez que a pobreza concentra-se sobretudo nas grandes cidades, e aconselham ao apoio das empresas que garantam o primeiro emprego aos jovens.
Direito a uma habitação digna e uma justiça acessível a todos são outras áreas abordadas na carta.

"A pobreza tem há muito em Portugal uma dimensão que a todos deve preocupar e que justifica que os cidadãos unam a sua voz num protesto forte, premente e continuado, exigindo das autoridades do país que inscrevam o combate à pobreza como primeira prioridade", lê-se na missiva, frisando que a pandemia acentuou a vulnerabilidade dos grupos mais desfavorecidos e é atualmente "o principal problema do país".