in DN
Desde fevereiro, mais 47 mil pessoas recebem prestação, 46% das quais jovens. Mas taxa de cobertura permanece baixa.
A subida do desemprego devido à pandemia fez disparar a atribuição das prestações sociais por perda de trabalho nos últimos meses, com uma subida de 27% desde fevereiro, em linha com aquelas que são as previsões do governo de crescimento na despesa face ao previsto no início do ano. Em maio, o número de beneficiários superou os 225 mil, num máximo de mais de três anos. Os trabalhadores até aos 34 anos são os grandes destinatários nos encargos adicionais da Segurança Social.
Em mais de 47 mil novos beneficiários acumulados ao longo dos últimos três meses, os jovens respondem por 46% da subida no pagamento das prestações.
À semelhança do que aconteceu na última crise, são os vínculos mais precários os primeiros a ser alvo de despedimento nas empresas que procuram cortar custos. O "fim de trabalho não permanente", ou não renovação, é aliás o motivo mais comum para a inscrição em centros de emprego, nos dados do IEFP.
Desde fevereiro, a subida no desemprego entre quem tem até 25 anos está em 37%. Entre os 25 e os 34 anos atinge os 52%. "Tem que ver com esse tipo de contratos estarem mais concentrados nos trabalhadores mais jovens", explica o economista João Cerejeira, da Universidade do Minho.
Mas, ainda que a atribuição de subsídio de desemprego esteja a aumentar, a taxa de cobertura da prestação permanece baixa. Em maio, apenas 55% dos mais de 400 mil desempregados registados recebiam subsídio. Nos novos subsídios atribuídos, desde fevereiro, segundos os cálculos do Dinheiro Vivo, a taxa atinge os 56% entre desempregados até aos 34 anos. É de 55% nos desempregados entre 35 e 54 anos, e baixa aos 28% nos novos desempregados acima dos 55 anos.
"A cobertura do subsídio de desemprego é das mais baixas a nível europeu por haver o condicionalismo do número de dias. Apesar de ter sido reduzido durante o período da troika, continua a ser elevado", assinala João Cerejeira.
Nas medidas adotadas até aqui, o governo decidiu prolongar o tempo de subsídio a quem já o recebe, mas não mudou as condições de acesso, que continuam a exigir um 360 dias de descontos nos 24 meses até à perda do posto de trabalho.
Para o economista da Universidade do Minho, seria possível fazer chegar o subsídio a mais pessoas sem aumento de custos para o Estado. A solução seria reduzir a duração do apoio. "O subsídio de desemprego é relativamente pouco generoso nas condições de acesso, mas depois é relativamente generoso no número de dias de subsídio. Por exemplo, uma pessoa com menos de 30 anos pode ficar 330 dias de subsídio, o que é quase um ano. Podíamos ter um regime mais curto, mas com uma condicionalidade de acesso também mais curta".
27%
Aumento na despesa com subsídios de desemprego
Em maio, a despesa com subsídios de desemprego atingiu os 113,4 milhões de euros, mais 27% que o gasto realizado em fevereiro. O valor médio da prestação foi de 503,14 euros.
9,7%
Taxa de desemprego prevista pelo governo em 2020
Com o desemprego registado a atingir mais de 400 mil pessoas em maio, resta agora uma margem de cerca de 100 mil desempregados para se atingir a previsão inscrita no Orçamento suplementar.
Jornalista do Dinheiro Vivo