20.11.20

Casos entre crianças até aos 9 anos sobem 66%. DGS passa a divulgar informação sobre situação nas escolas

 Samuel Silva e Andreia Sanches, in Público on-line

Há três semanas que não há actualização relativamente aos surtos em ambiente escolar. Número de jovens até aos nove anos infectados subiu 66% nas últimas duas semanas.

A Direcção-Geral de Saúde (DGS) vai passar a divulgar semanalmente a informação relativa ao número de casos de covid-19 registados nas escolas. Há três semanas que os dados sobre os surtos em contexto escolar não são actualizados. A decisão é tomada depois de, na quinta-feira, na reunião com peritos, o Presidente da República ter dito que queria saber mais sobre o risco que existe nas escolas. De acordo com os dados da DGS sobre a infecção nas diferentes classes etárias, o grupo das crianças até aos 9 anos é aquele onde se registou o maior aumento de infecções nas últimas duas semanas.

Os dados relativos aos estabelecimentos de ensino serão actualizados pela DGS na conferência de imprensa agendada para a próxima segunda-feira. E, a partir daí, serão actualizados semanalmente. Durante o mês de Outubro, a DGS divulgava o número de surtos em escolas nos balanços que fazia regularmente sobre a pandemia, mas há três semanas que a informação não é actualizada. Os últimos dados foram avançados a 23 de Outubro. Eram então 63 os surtos em escolas, segundo a DGS.

O Ministério da Educação lançou, entretanto, uma nova plataforma informática onde os directores de cada agrupamento devem dar conta da evolução da pandemia nas respectivas comunidades escolares. O novo sistema veio substituir o email, que estava a ser usado desde o início do ano lectivo como forma de comunicação destes indicadores aos delegados regionais de Educação.

A informação colocada na plataforma é a mesma que já antes era divulgada por email. Isto é, os directores das escolas têm que indicar sempre que existe um caso positivo na comunidade escolar, seja entre alunos, professores ou funcionários, independentemente do local de contágio. Mesmo os contágios que acontecem fora das escolas são contabilizados. Sempre que há uma turma em isolamento profiláctico também é comunicado.

O PÚBLICO pediu estes dados ao Ministério da Educação nas últimas duas semanas, bem como à Direcção-Geral da Saúde, não tendo recebido resposta até ao momento.

Desde que a plataforma foi lançada, no dia 5 de Novembro, e até à última quarta-feira, o número de jovens até aos nove anos infectados com covid-19 subiu 66%, de acordo com o boletim da DGS emitido nesta quinta-feira, com dados referentes às 24 horas anteriores. Este foi o grupo etário com maior crescimento, seguido dos 10 aos 19 anos (uma subida de 63% das infecções).


Desde o início da pandemia foram reportados 11.772 casos de covid-19 entre crianças até aos nove anos, dos quais cerca de 4600 desde 5 de Novembro, data da entrada em funcionamento da plataforma na qual as escolas devem registar os casos positivos. E foram notificados cerca de 20.780 casos nos jovens dos 10 aos 19, dos quais à volta de oito mil também de 5 de Novembro até à data.

Em números absolutos, contudo, o grupo mais atingido é o dos 40-49 anos, com 13 mil novas infecções nestas duas semanas. No mesmo período o aumento total dos casos, em todas as idades foi de 45,6% (ou seja, mais 76.109, tendo a covid-19 atingido desde Março 243 mil pessoas, a maioria das quais recuperou).

Na última semana, a DGS mudou a apresentação dos dados das infecções por grupo etário (havia menos de 300 situações no domingo para as quais não havia idade atribuída, sendo o grupo etário “desconhecido”). Desde o início da semana todas os casos reportados aparecem já com a indicação do grupo etário a que pertence a pessoa que testou positivo. Esta alteração, contudo, terá pouco impacto nas comparações da evolução da doença por idades uma vez que o número de situações que até domingo não apareciam associadas a nenhum grupo etário era residual.

Os números divulgados pelo Governo há duas semanas, quando anunciou novas medidas de combate à pandemia de covid-19 indicavam que cerca de 3% dos casos detectados provinham de “ambiente escolar”, uma categoria onde estão incluídas não só as escolas públicas, como também as privadas, as universidades e os politécnicos.