20.11.20

Covid-19: pandemia cortou rendimento a 45% dos portugueses

 in Público on-line

É o que revela uma sondagem encomendada pelo Parlamento Europeu. “Incerteza” é o estado de espírito mais descrito pelos portugueses, que acham maioritariamente que a União Europeia devia ter mais competências para lidar com crises como a pandemia de covid-19.

Cerca de 45% dos portugueses afirmam que a covid-19 já teve impacto no seu rendimento individual, enquanto 31% esperam que tal aconteça no futuro, de acordo com os resultados completos, divulgados esta quinta-feira, da terceira sondagem encomendada pelo Parlamento Europeu este ano sobre a União Europeia (UE) e a opinião pública em plena pandemia de covid-19.

A nível europeu, mais de um terço dos inquiridos (39%) destaca também que a crise já afectou os seus rendimentos pessoais e 27% acredita que vai sentir ainda esse impacto no futuro.

Os resultados revelam ainda que os jovens e famílias com crianças aparentam ser os mais atingidos pela crise, com 64% dos europeus entre os 16 e os 34 anos a referirem já ter experienciado algum tipo de dificuldade financeira e 27% dos inquiridos com crianças a revelarem que já utilizaram as suas poupanças mais cedo do que o previsto.

“Incerteza” é o estado de espírito mais descrito pelos portugueses neste inquérito. Cerca de 60% dos portugueses inquiridos mencionaram a “incerteza” como o seu principal estado emocional, nomeadamente devido ao impacto económico da pandemia, um estado também mencionado por 50% dos europeus.

Numa altura em que a Europa enfrenta a segunda vaga da covid-19, dois terços dos cidadãos europeus (66%) concordam que a UE devia ter mais competências na gestão da pandemia e mais de metade (54%) defende um orçamento mais adequado para combater a crise. No que diz respeito a Portugal, 83% dos portugueses acham que a UE devia efectivamente ter mais competências para lidar com crises como esta e 67% defendem que os meios financeiros de que a UE dispõe para lutar contra a crise pandémica são insuficientes.

Fundos apenas para governos que respeitam valores democráticos

De acordo com um comunicado do Parlamento Europeu, “é da maior importância para os europeus que os fundos vão apenas para Estados-membros com um sistema judicial funcional e um forte respeito pelos valores democráticos comuns”, sendo que 77% dos inquiridos concorda que a UE “devia apenas disponibilizar fundos aos Estados-membros na condição dos seus Governos implementarem o Estado de Direito e de princípios democráticos”.

Cerca de 54% dos europeus destacam que a saúde pública devia ser a principal prioridade em termos de orçamento — uma prioridade para 72% dos portugueses —, seguindo-se a recuperação económica e novas oportunidades para as empresas (42%), as alterações climáticas e a protecção ambiental (37%) e o emprego e assuntos sociais (35%).

O impacto económico e social da crise sanitária que vivemos


Em termos gerais, 61% dos cidadãos portugueses estão moderadamente satisfeitos ou muito satisfeitos com as medidas adoptadas pela UE para combater a crise pandémica, sendo que esta percentagem desce para 46% no que diz respeito à média da União Europeia. Além disso, 65% dos portugueses tem uma ideia positiva ou muito positiva da UE.

A percepção da UE para os europeus registou uma melhoria face aos resultados do primeiro inquérito (de 31% em Abril para 41% nesta sondagem). Em Portugal, a imagem da UE desde o início da pandemia tem também melhorado.

Porém, uma grande parte dos inquiridos mostrou-se insatisfeita com a falta de solidariedade entre os Estados-membros da UE, tendo-se verificado também uma queda na satisfação dos cidadãos europeus face às medidas adoptadas pelos seus Governos de combate à pandemia.

Portugal está também entre os países com maior aumento (de 13%) entre os que crêem que “os prejuízos económicos nas medidas de prevenção são maiores do que os benefícios para a saúde”.

O inquérito foi realizado online pela Kantar, entre 25 de Setembro e 7 de Outubro, tendo contado com a participação de 24.812 pessoas dos 27 Estados-membros, entre os 16 e os 64 anos (a faixa etária foi dos 16 aos 54 anos na Bulgária, República Checa, Croácia, Grécia, Hungria, Polónia, Portugal, Roménia, Eslovénia e Eslováquia).