Simões Lharco, in DN
Portugal encontrou o rumo certo. Foi reposto o desejável equilíbrio entre a Saúde, a Economia e o Social. O que se assistia, até agora, era à hipervalorização da parte sanitária, com minimização quase total dos aspectos económicos e sociais. Com o primado da Saúde, indiscutível, a meu ver, mas não único, estávamos a salvar algumas vidas, mas, em contrapartida, a destruir muitas outras, com o desemprego e a pobreza.
Os apoios às empresas foram duplicados e antecipado o pagamento da segunda tranche do programa Apoiar. Também já não é necessária a quebra na facturação para se ter acesso ao lay-off. A Cultura, sector mártir, recebe apoio de 42 milhões de euros! Outras medidas ainda, o que demonstra que estamos perante um trapézio com rede, como assinalou a directora deste jornal, Rosália Amorim.
Já com o confinamento geral em vigor - fizémos tudo para o evitar, disse o primeiro-ministro em entrevista à TVI -, Portugal não pode perder a esperança de que a pandemia será vencida. Não vai durar uma eternidade, acentuou António Costa na mesma entrevista.
Apesar de discordar da estratégia de combate, já em grande parte corrigida, com as medidas ontem anunciadas, tenho para mim que o PSD e o CDS não fariam melhor do que o PS. A começar pela falta de idoneidade da nossa direita, que reclamou medidas menos restritivas para a quadra natalícia e, agora, critica o Governo por as ter posto em prática!
As sondagens valem o que valem é bem certo, mas não se pode ignorar que se mantém um fosso de 13 pontos ou mais a separar o PS do PSD. E que, desde a eclosão da pandemia, os socialistas foram quem mais subiram.
Com a vitória de Marcelo nas presidenciais, e de certo modo também do PS, é natural que a direita mantenha a sua estagnação eleitoral, tendo dificuldade, cada vez maior, em se assumir como alternativa ao partido da rosa.
Tanto mais que a cumplicidade do PSD com o Chega vai penalizá-lo bastante, provavelmente muito mais do que a pandemia em relação ao PS.
A presidir à União Europeia, o nosso país tem como prioridade pôr a bazuca a funcionar. É bom que nos concentremos nestas coisas, que podem mudar o curso das Nações e fazer história. Olhar para o passado e tentar encontrar culpados, julgando-nos uns aos outros, nada resolve, disse, e bem, o primeiro-ministro.
No fundo, somos todos portugueses, recordo, à laia de remate final.