Nuno Mandeiro, in TVI24
A classe média global foi reduzida em cerca de 54 milhões de pessoas desde o início da pandemia
Foi há pouco menos de ano e meio que o mundo conheceu o novo inimigo comum. Entretanto, a pandemia de covid-19 já matou mais de três milhões de pessoas em todo o mundo e infetou quase 150 milhões.
Para além das consequências diretas, o SARS-CoV-2 foi ainda responsável por uma panóplia de efeitos colaterais que tem vindo a abalar a maioria das economias mundiais.
A classe média está a ser uma das mais atingidas pela agora batizada crise pandémica. Dados do Pew Research Center, instituto que fornece informações sobre algumas das principais questões, atitudes e tendências que moldam o planeta, revelam que a covid-19 fomentou um crescimento do número de pobres, em todo o planeta, exceto na China.
As projeções para 2020 mostram que a classe média global foi reduzida em cerca de 54 milhões de pessoas, para além das reduções da classe média alta e dos mais ricos.
O país mais afetado foi a Índia, que foi responsável por 60% deste retrocesso socioeconómico. O país perdeu um terço da sua classe média, o que equivale a uma redução de cerca de 33 milhões de pessoas.
Segundo a análise do Pew Research Center, não há qualquer previsão de que esta tendência se venha a reverter. As projeções acreditam sim que ocorra uma estagnação do número de pessoas que compõem a classe média.
O estudo entende que pertence à classe média quem viva com rendimentos diários entre 10 e 20 dólares ou com 14.600 a 29.200 dólares anuais, os cálculos tem por base um agregado familiar composto por quatro pessoas.
Antes da pandemia, a classe média tinha crescido de 899 milhões para 1,38 mil milhões de pessoas, entre 2011 e 2019. Em 2020, registou-se um decréscimo acentuado de menos 54 milhões de pessoas na classe média, uma redução de 36 milhões entre aqueles com rendimentos médio-altos e uma diminuição de 62 milhões de pessoas entre as que auferiam um rendimento alto.
A única exceção à regra é mesmo a China, berço do novo coronavírus. O país asiático não passou por qualquer período de recessão e já voltou a registar algum crescimento económico, no primeiro semestre de 2021.
Na China, os níveis de pobreza também não pioraram. O número de pessoas pertencentes à classe média e média-alta até já supera os que se encontram em situação de pobreza ou na classe média baixa.
A análise do Pew Research Center centra-se nos dados do Banco Mundial e tem por os rendimentos diários e anuais, embora possam existir outros fatores como a educação, emprego ou ter casa própria.