in Jornal de Notícias
Este ano, ainda só três pessoas chegaram a Portugal ao abrigo do programa de Reinstalação das Nações Unidas. O problema, defende a presidente do Conselho Português para os Refugiados (CPR), é a falta de representação diplomática nos países de trânsito.
"Estamos preocupados, porque em 2009 chegaram 30 pessoas ao abrigo do Programa de Reinstalação dos Refugiados e este ano só chegaram três", afirmou ontem à Lusa, Teresa Tito de Morais. Para a presidente do CPR, Portugal não tem recebido refugiados devido à falta de representação diplomática nos países de trânsito onde os refugiados se encontram, o que dificulta a concessão do título de viagem, a articulação com António Guterres, Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e a identificação dos casos.
Portugal celebrou ontem, pela primeira vez, o dia Mundial do Refugiado. Fê-lo através de uma concentração de chapéus de chuva (símbolo de protecção), envolvendo dezenas de pessoas, que se deslocaram ao Largo de São Domingos, em Lisboa.
A secretária de Estado da Administração Interna, Dalila Araújo, referiu à Lusa que até ao fim de Maio, dos 39 pedidos espontâneos de asilo registados, 11 já foram despachados favoravelmente.
Na concentração também estiveram presentes muitos dos refugiados concentrados no Centro da Bobadela. Entre eles, a família afegã de Mohammed e Rona Yussuf, que chegaram há seis meses, fugidos de Cabul. "Queremos ficar em Portugal, trabalhar e estudar cá" - é a resposta à pergunta sobre se tencionam regressar ao Afeganistão. "Tem muita guerra e agora queremos que o resto da família venha ter connosco", respondem pai e mãe, traduzidos pelos filhos.