Por Pedro Andrade Soares, in Público on-line
“Estou preocupado” com a situação do país e “a fome não é um dever constitucional”, afirma o antigo governante, que critica a actual carga fiscal paga pelos portugueses.
“O país está a sofrer uma tal carga fiscal e uma carga fiscal em que eu sei as razões que o Governo dá, penso que os sacrifícios devem ser feitos, mas o ministério tem que ser realmente das Finanças, não pode ser do Orçamento e o ministério é principalmente ministério do Orçamento”, disse Adriano Moreira, em entrevista transmitida nesta quinta-feira à noite na RTP1.
O antigo presidente do CDS explica a diferença entre um caminho e o outro: “O ministério do Orçamento aquilo com que está preocupado é com a dívida, a dívida soberana, o pagamento da dívida soberana. Mas as consequências na economia real, que não pode ser ignorada por qualquer intervenção financeira, essas consequências na vida real que nós podemos prever são extremamente inquietantes.”
Questionado sobre se considera este momento do país o mais difícil que conheceu, o antigo ministro do Ultramar refere: “É provavelmente o mais grave que eu conheci. E uma das razões importantes que eu tenho é que a fome não é um dever constitucional.”
Já sobre a organização do Executivo de coligação PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho, Adriano Moreira considera que a “reorganização do Governo precisa de ser feita com algumas modificações”, acrescentando também que “há concentrações excessivas de responsabilidades governamentais”.
Em que ministérios? “Em alguns, por exemplo o ministério que é ao mesmo tempo do Ambiente, da Agricultura, do Mar, do Ordenamento do Território”, sublinha o professor, na mesma entrevista à televisão pública. “E uma das coisas que qualquer Governo precisa de assumir é que ele é responsável pelo programa que assina e pelo imprevisível e imprevisto”, alerta ainda o antigo deputado, que completou 90 anos nesta quinta-feira.