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A principal associação hoteleira do Algarve disse hoje que as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro terão um efeito depressivo no sector, aumentando o desemprego e retraindo o mercado do Turismo, pois retirarão poder de compra aos potenciais clientes portugueses.
"A descida da Taxa Social Única (TSU) não é suficiente para compensar os prejuízos decorrentes de mais austeridade e da descida de procura dos turistas nacionais", disse à Lusa o presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Elidérico Viegas.
Por outro lado, o dirigente hoteleiro assegurou que o aumento da contribuição para a Segurança Social por parte dos trabalhadores será em grande parte suportada pelas empresas: "A actual elasticidade do mercado de trabalho não permite que os trabalhadores a termo e temporários, que já constituem uma parte significativa do mercado de mão-de-obra, suportem esses aumentos de taxa".
A juntar a esse factor, Elidérico Viegas apontou também a falta de motivação dos trabalhadores para sustentar que a baixa de produtividade no sector se vai acentuar ainda mais a partir do próximo ano.
"Por tudo isto, estou certo que, sendo o Turismo uma actividade exportadora, a descida de cinco pontos percentuais na TSU por parte das empresas não irá contribuir para aumentar a nossa competitividade nos mercados externos, antes pelo contrário", vincou.
Sustentou que as medidas anunciadas terão repercussões negativas no desemprego existente na região -- a maior taxa de desemprego do país -, que descerá no próximo ano, pois "a actividade económica vai baixar".
O responsável criticou o "aumento de impostos" constante do conjunto de medidas anunciadas na sexta-feira pelo primeiro-ministro, pois "quando a situação económica é menos favorável nunca é através do aumento de impostos" que se consegue o relançamento da economia.
"Apostar mais no mesmo é caminhar para um poço sem fundo. Nunca mais a economia terá condições para se poder relançar, ser competitiva e gerar receitas suficientes. Estamos a cair numa situação de poço sem fundo", disse.
O chefe do Governo anunciou na sexta-feira mais medidas de austeridade para 2013, incluindo para os trabalhadores do setor privado, que, na prática, perderão o que o primeiro-ministro diz corresponder a um subsídio através do aumento da contribuição para a Segurança Social de 11% para 18%.
Os funcionários públicos continuam com um dos subsídios suspensos (na totalidade nos rendimentos acima dos 1.100 euros/mensais e parcialmente acima dos 600 euros) e o outro é reposto de forma diluída nos 12 salários, que será depois retirado através do aumento da contribuição para a Segurança Social.
A contribuição das empresas passa dos actuais 23,75% para 18%. Os pensionistas continuam sem subsídios de Natal e férias.
Estas medidas vão estar previstas no Orçamento do Estado de 2013 e são justificadas pelo Governo como uma forma de compensar a suspensão dos subsídios de férias e de Natal em 2013 e 1014, "chumbada" pelo Tribunal Constitucional.