Patrícia Sousa, in Correio do Minho
“O melhor meio para alcançar a felicidade é contribuir para a felicidade dos outros.”
in Baden-Powell
São cada vez mais os bracarenses que querem ajudar, mas não sabem muito bem como. Por isso, a porta do Banco Local de Voluntariado de Braga está sempre aberta para orientar os voluntários a ajudar quem mais precisa. Depois da experiência do voluntariado, “ganha-se uma postura e atitude diferentes, é mesmo uma experiência enriquecedora”, assegurou a responsável daquela instituição, Amélia Pereira.
Actualmente, estão inscritos no Banco Local de Voluntariado de Braga 1183 voluntários, sendo 83 as instituições que acolhem esses voluntários. “As pessoas estão mais sensibilizadas para a causa voluntária. Muitos querem ajudar mas não sabem como e procuram o banco, alguns chegam cá já aconselhados pelas associações”.
Os voluntários procuram mais as valências da infância (a nível de internato e de apoio educativo aos mais novos) e da terceira idade (lares e centros de dia), mas há instituições disponíveis também nas áreas da deficiência e centros de acolhimento de toxicodependentes.
“Nestes números não estão contemplados os voluntários que participam na campanha de re- colha de alimentos do Banco Alimentar Contra a Fome. Estes voluntários são os que têm uma rotina semanal ou quinzenal”, informou ainda a responsável.
No acto de inscrição, é feita a avaliação, a formação geral e a formação específica antes do voluntário integrar a instituição, sendo que esta integração é acompanhada por responsáveis do Banco Local de Voluntariado.
No caso do voluntário não se adaptar a nenhum projecto disponível no banco, é desafiado a apresentar os seus próprios projectos. Um bom exemplo disso é o projecto que está a ser desenvolvido na Quinta Pedagógica de Braga com crianças com paralisia cerebral.
“Contrariamente ao que se pensa, os voluntários não são apenas reformados, temos voluntários dos 16 aos 80 anos. Te mos voluntários muito heterogéneos a nível de idade e até de escolaridade, havendo muitos voluntários que não sabem ler nem escrever e outros que já têm doutoramento. Em relação ao sexo, 85 por cento dos nossos voluntários são mulheres”, revelou ainda a representante do banco local.
Viver para ajudar os outros
António Ribeiro é voluntário por opção e vive, literalmente, para os outros.
O trabalho diário no armazém do Banco Alimentar Contra a Fome, que abriu em Outubro de 2008, é apenas um dos muitos que faz questão de participar.
Voluntário por opção e acima de tudo por prazer. António Ribeiro foi um dos primeiros inscritos no Banco Local de Voluntariado de Braga e desde então marca presença em todas as iniciativas. “Está no Banco Alimentar desde o primeiro dia e é uma pessoa que vai para todo o lado que é contactado”, referiu a presidente do Banco Alimentar de Braga, Isabel Varanda, evidenciando o facto de António “gostar mesmo de participar e fazer sempre tudo com muita disponibilidade, empenho e prazer”.
Apesar de ser uma pessoa “com graves dificuldades económicas é impressionante como ainda consegue dar do que tem”. Isabel Varanda admitiu mesmo que “é uma pessoa extraordinária, que está mesmo envolvida na causa voluntária”.
António Ribeiro trabalhava na CP e quando se reformou não conseguiu viver muito tempo “sozinho”. “Já estava a entrar em depressão e isto para mim foi um escape, o antídoto total. Comecei pela Cáritas onde estive cinco anos, agora ajudo os outros. É mesmo muito gratificante. Chego a casa e sinto-me descansado em saber que contribuiu para a felicidade dos outros”, confidenciou visivelmente emocionado.
Sempre presente, António Ribeiro sente-se “totalmente realizado”. E foi mais longe: “o facto de saber que estou a ajudar milhares de famílias é um orgulho muito grande. Esta é a minha segunda casa e a remuneração é sentir-me útil”. A vontade de ajudar foi herdada da mãe. “A minha mãe já ajudava muito as famílias que mais precisavam. Agora é a minha vez de ajudar os outros enquanto estou por cá”, sublinhou.
António Ribeiro é um dos rostos diários do Banco Alimentar. De segunda a sexta-feira, o armazém está aberto aos voluntários e àqueles que podem e querem ajudar com bens alimentares. “Durante todo o ano, o armazém conta com cerca de 25 a 30 voluntários assíduos, que vêm pelo menos oito horas por semana trabalhar aqui. Alguns vêm todos os dias, outros vêm às segundas, quartas e sextas-feiras, depende da disponibilidade de cada um. O trabalho é feito só por essas pessoas”, frisou, entretanto, a responsável Isabel Varanda.
As instalações estão abertas de segunda a sexta-feira das 9.30 às 12.30 horas e das 14.30 às 16.30 horas.