in Jornal de Notícias
O desemprego e a fome são os dois principais fatores que têm contribuído para o aumento do número de pedidos de ajuda nas lojas sociais de Portalegre, no Alto Alentejo, segundo os responsáveis das instituições.
A presidente do município de Portalegre, Adelaide Teixeira, alerta que existem pessoas a "passar mal", sustentando que "90 por cento" dos casos que recebe no seu gabinete são relacionados com pedidos de ajuda.
Para fazer face aos problemas socioeconómicos, em tempos de crise, a autarquia desenvolve, desde 2009, o projeto de uma Loja Social do Município de Portalegre, tendo tido como beneficiários, numa primeira fase, cerca de 40 famílias, mas, ao longo dos tempos, o número tem vindo a aumentar.
A Loja Social apoia, atualmente, 106 famílias, num total de 306 beneficiários, tendo-se registado no último trimestre um "aumento de 20 famílias", indica Adelaide Teixeira, em declarações à agência Lusa.
O projeto do município tem "conseguido dar resposta aos pedidos de ajuda que surgem diariamente", graças também ao apoio de voluntários, o mesmo acontecendo no quotidiano da Loja Solidária da Caritas Diocesana de Portalegre e Castelo Branco.
Neste espaço, o presidente da Caritas Diocesana de Portalegre e Castelo Branco, Elícidio Bilé, quando questionado pela Lusa se existe ou não fome em Portalegre, não hesita em responder e assegura que esse "flagelo é uma realidade" na região.
"Quando falamos de fome, falamos de fome real, pessoas que durante a semana não têm uma refeição quente, têm alguns produtos que são distribuídos. As refeições quentes que vão recebendo é através do plano criado pelo Governo das cantinas sociais", explica.
Segundo a assistente social da Caritas Diocesana de Portalegre e Castelo Branco, Anabela Afonso, a loja solidária da instituição presta apoio regular a "92 famílias", num total de "286 pessoas", incluindo crianças.
"Os pedidos de apoio este ano têm aumentado substancialmente e nos últimos meses temos tido mais pedidos", sublinha.
A pobreza envergonhada é também uma realidade, e, segundo Anabela Afonso, têm surgido nos últimos tempos casos de país que aparecem na instituição a pedir ajuda por ter os filhos desempregados e a seu cargo.
As lojas sociais de Portalegre têm para disponibilizar aos mais carenciados alimentos, vestuário, brinquedos, eletrodomésticos, livros e mobílias, entre outros produtos.
Durante a época do Natal, os pedidos de ajuda aumentam, mas as instituições, com o apoio dos voluntários e das superfícies comerciais que fornecem produtos, garantem que conseguem dar resposta às pessoas mais carenciadas.