in Jornal de Notícias
Cada português produziu o ano passado 1,33 quilos de resíduos por dia, menos do que os 1,4 quilos por dia produzidos em 2010, de acordo com um estudo da Associação das Empresas Portuguesas para o Setor do Ambiente.
Para a Associação das Empresas Portuguesas para o Setor do Ambiente (AEPSA) a culpa é da crise que "está a levar os portugueses a produzirem cada vez menos resíduos urbanos, concluindo que cada português produziu em 2011 cerca de 487 quilos de resíduos por ano, contra os 511 quilos/habitante/ano em 2010".
"A produção de resíduos é um indicador económico de desenvolvimento das sociedades em geral, ou seja, sociedades mais desenvolvidas produzem mais resíduos, sociedades pouco desenvolvidas produzem pouco resíduos", explicou à Lusa o presidente da AEPSA.
De acordo com Diogo Faria de Oliveira, a média portuguesa em matéria de produção de resíduos não só está abaixo da média europeia, como mantém a tendência de decréscimo, um facto que só se verificou em 2011, face aos anos anteriores.
O responsável explicou que os resíduos têm aumentado anualmente e consistentemente até 2010 e que no ano de 2011 se sente uma redução de 1,4 quilos de lixo por dia, por habitante para 1,33 quilos.
"Se associarmos isto ao nível de desenvolvimento económico das sociedades, aquilo que se vê é que quanto menos resíduos produzem, menos capacidade económica têm e vice-versa", apontou Diogo Faria de Oliveira.
No comunicado, a associação entende que o setor dos resíduos em Portugal também se está a ressentir com atual crise económico-financeira, quer nos resíduos urbanos (RSU), como nos resíduos comerciais e industriais, banais (RIB) e perigosos (RIP).
"Os resíduos constituem um barómetro fiel de qualquer comunidade, refletindo com rigor a sua evolução social, económica e tecnológica e, face a 2010, constata-se uma redução média nos RSU da ordem dos 6% e nos RIB e nos RIP na ordem dos 15% a 20%, dependendo do setor de atividade", lê-se no comunicado.
De acordo com a AEPSA, a área dos metais ferrosos é das mais afetadas, com uma redução de cerca de 25%, "refletindo as fortes reduções da atividade nos setores metalomecânico, da construção e dos veículos em fim de vida".
Só nos veículos em fim de vida, a redução na produção de resíduos chega aos 80%, "devido à enorme quebra de venda de veículos novos, prolongando-se a vida dos mais velhos".
No entender da AEPSA, esta situação poderia indicar um aumento na comercialização de peças usadas, mas a constatação é que também neste nicho de mercado a atividade está a verificar uma redução de cerca de 50%, "refletindo o enorme aperto financeiro das famílias que têm de relegar para segundo plano a preservação dos bens menos essenciais".
Por outro lado, em matéria de água e saneamento, até 2010, o investimento acumulado dos operadores privados de concessões municipais ascendeu a 936 milhões de euros, com uma média de investimento por município na ordem dos 31,2 milhões de euros.
A AEPSA integrou recentemente a Associação Nacional dos Recuperadores de Produtos Recicláveis e tem agora 65 associados, correspondentes a um volume de negócios de 1.500 milhões de euros.