30.12.12

Pobreza e desigualdade agravaram-se em 2010

por Eva Gaspar, in Negócios on-line

Pobreza cresceu entre os que têm emprego e entre os homens. Coeficiente de Gini, uma das medidas de desigualdade, subiu pela primeira vez desde, pelo menos, 2005.
Dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), hoje revelados, apontam para que a pobreza e as desigualdades em Portugal tenham sofrido um agravamento em 2010, ano em que, após a crise financeira, a economia portuguesa voltou a crescer (1,4%), depois de ter caído 2,9%.

A taxa de risco de pobreza, definida como a proporção da população cujo rendimento é inferior a 60% da mediana, desceu antes de qualquer transferência social (de 43,4% para 42,5%), mas após transferências sociais terá subido ligeiramente passando a atingir 18% da população em 2010, revela o INE, no âmbito da actualização anual do “retrato social de Portugal”. Esta taxa de risco compara com 17,9% em 2009 e 2008, e 18,5% em 2007.

Os dados do INE apontam ainda para que o risco de pobreza tenha aumentado entre 2009 e 2010 (último ano para o qual há dados disponíveis para este indicador, sendo ainda provisórios) entre os que estavam empregados e entre os homens. No universo dos empregados a taxa de risco pobreza passou de 9,7% para 10,3%. Já entre os sem emprego, a taxa caiu marginalmente de 24,5% para 24,3%.

Os dados do INE sugerem ainda um agravamento das desigualdades na repartição do rendimento, medidas por vários indicadores. O coeficiente de Gini subiu pela primeira vez desde, pelo menos, 2005, passando de 33,7 em 2009 para 34,2 em 2010, ano que antecedeu o do regresso à recessão e o do pedido de assistência financeira à troika.

Também a comparação entre os que mais e menos ganham aponta para o aumento das desigualdades. O rácio entre a proporção do rendimento total recebido pelos 20% da população com maiores rendimentos e a parte do rendimento auferido pelos 20% que menos têm subiu de 5,6 para 5,7, sendo a primeira subida também, em pelos menos, cinco anos. O rácio que compara os 10% que ficam nos extremos também se agravou: em 2010, os 10% mais ricos tinham mais 9,4 vezes mais do que os 10% mais pobres; em 2009 esse rácio era de 9,2; em 2005 era de 11,9%.