10.12.12

David Cameron não quer importar modelo português para as drogas

in Jornal de Notícias

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, rejeitou, esta segunda-feira, a sugestão feita por uma comissão parlamentar para o governo estudar a experiência portuguesa de descriminalizar o consumo de drogas para combater a toxicodependência.

"Eu não apoio a descriminalização", afirmou, durante uma visita a Cambridge, argumentando que a política em uso está a resultar.

"O consumo de drogas está a descer, a ênfase no tratamento está totalmente correta e precisamos de continuar para garantir que conseguimos marcar a diferença", vincou, acrescentando que outra prioridade é acabar com o consumo de drogas nas prisões.

David Cameron rejeitou também a proposta dos deputados de criação de uma Comissão Real para dirigir um inquérito sobre o assunto.

O primeiro-ministro respondia assim ao relatório hoje divulgado pela Comissão Parlamentar para os Assuntos Internos, onde era elogiado o funcionamento do programa introduzido em 2001 em Portugal.

"Ficámos impressionados pelo que vimos do sistema despenalizado português", lê-se no documento, realçando que a medida foi apoiada por todos os partidos e pela polícia e que tem hoje também o apoio da opinião pública.

"Embora não seja certo que a experiência portuguesa possa ser replicada no Reino Unido, tendo em conta as diferenças sociais, acreditamos que este modelo merece uma consideração significativamente mais profunda", sugerem.

Os deputados dizem ser necessário "quebrar o ciclo" da toxicodependência, a necessidade de tratamento nas prisões e na sociedade em geral e uma intervenção mais cedo, com melhor trabalho de prevenção e pedagógico.

O documento é o resultado de um ano de audições e debate, durante o qual ouviram várias pessoas, incluindo o empresário Richard Branson, um defensor da despenalização introduzida em Portugal há 11 anos atrás.

O secretário de Estado do Interior, Jeremy Browne, admitiu que o relatório apresenta "ideias novas interessantes" e manifestou-se aberto a estudá-las.

"Eu não me importo de todo de ir a Portugal, como o relatório recomenda, e ver o que eles estão lá a fazer. Devemos ser abertos a novas ideias, mas também devemos reconhecer que fizemos muito progresso nos últimos cinco a dez anos", vincou o político liberal-democrata, partido favorável à descriminalização das drogas.