10.12.12

Mais de 100 mil desempregados só na Construção

in Sol

Com mais de 100 mil desempregados, o sector dos comerciantes de materiais de construção alerta para a urgência de se encontrarem formas para fazer diminuir as insolvências e encerramentos das empresas do ramo.

O elevado número de desempregados está directamente relacionado com a crise, como admite o secretário-geral da Associação Portuguesa de Comerciantes de Materiais de Construção (APCMC), José de Matos, sublinhando que as empresas do sector da construção têm sido muito afectadas.

“Um dos sectores muito afectados é o da serralharia civil, nomeadamente no que diz respeito às caixilharias de alumínio. Por um lado, como não se constroem casas, não há grandes investimentos na colocação do alumínio, e, por outro, as pessoas deixaram de investir na reabilitação e na substituição de janelas, situação que já teve em tempos benefícios fiscais”, justificou.

De acordo com José de Matos, a reabilitação de edifícios foi baixa em 2011 “e, desde então, tem vindo a cair”. Além desta situação, “a construção [registou] uma variação negativa de 30% de 2011 para 2012, o que significa que uma descida do volume de actividade no mercado interno da ordem dos 25%”.

O que dava realmente lucro eram as grandes construções, “mas os trabalhos estão reduzidos a um quinto ou a um sexto do que eram há sete ou oito anos”, adiantou.

Outro factor negativo no sector da serralharia civil, aponta José de Matos, foi a retirada de benefícios fiscais a quem renovava os envidraçados colocando sistemas de janelas mais eficientes do ponto de vista térmico.

Contudo, segundo José de Matos, nem tudo é mau, existindo algumas empresas que conseguem adaptar-se e exportar caixilharias e serviços para França, Suíça e alguns países africanos.

“Nós [Portugal] não produzimos alumínio, mas somos muito bons na extrusão [processo de produção de componentes mecânicos]. Temos preços competitivos e mão-de-obra barata e muita qualidade na caixilharia e, por isso, estamos a conseguir a exportação do produto”, referiu, acrescentando que, apesar dos bons resultados, a exportação não substitui a perda do mercado interno.

“No curto prazo, a única coisa que faz sentido são políticas públicas eficientes que desbloqueiem o crédito às empresas”, alertou o representante da associação, garantindo que a APCMC tem tentado sensibilizar o Governo e outras agências governamentais para a necessidade de apoios e de um plano nacional para o sector.

Lusa/SOL