AFP, in Público on-line
Espnha, Alemanha, Itália e França debatem formas de contrariar os números galopantes do desemprego entre os jovens.
Os ministros do Trabalho e da Economia de quatro grandes países europeus – Itália, França, Alemanha e Espanha – reúnem-se esta sexta-feira em Roma para tentar encontrar soluções para o flagelo do desemprego entre os jovens que continua em expansão no Sul da Europa.
Um dos líderes mais jovens da União Europeia, o italiano Enrico Letta, de 46 anos, recebeu os convidados no início da reunião, esta manhã, no Palazzo Chigi, sede do Governo. Ao anunciar a reunião, os serviços do Governo italiano sublinharam que Letta, à frente de um Governo de esquerda-direita, está "muito envolvido com o desenvolvimento de uma política europeia para o emprego, especialmente para os jovens."
O tempo está a esgotar-se porque, de acordo com as últimas estatísticas da União Europeia (Eurostat), entre os 26,5 milhões de desempregados na UE, em Abril, havia 5,6 milhões com menos de 25 anos, 100 mil mais que no ano anterior. Durante o mesmo mês, as menores taxas foram observadas na Alemanha (7,5%), Áustria (8%) e Países Baixos (10,6%), enquanto os piores resultados foram observados na Grécia (62,5%), Espanha (56,4%), Portugal (42,5%) e Itália (40,5%), com uma taxa também elevada em França (26,5%).
De acordo com o Governo italiano, a reunião de Roma será "uma oportunidade para trocar pontos de vista e coordenar objectivos para as próximas reuniões internacionais" do Conselho Europeu, em 27 e 28 de Junho, e da reunião especial sobre o desemprego, que terá lugar em Berlim a 3 de Julho.
A reunião surge pouco tempo antes de uma outra agendada para "Madrid entre representantes dos Ministérios do Emprego a 19 de Junho", disse à AFP um porta-voz do Ministério do Emprego espanhol, indicando que Espanha quer, sobretudo "encorajar os empréstimos a pequenas e médias empresas e estudar medidas de apoio ao emprego de jovens."
Do ponto de vista de Berlim, a reunião de Roma é o início de uma "obra política comum dedicada ao mercado de trabalho", sabendo que há melhorias em termos de "transparência do mercado de trabalho no intercâmbio de informações sobre as melhores práticas e as agências de emprego".
Para o ministro da Economia francês, Pierre Moscovici, "o sentido da reunião em Roma" é que a iniciativa franco-alemã de final de Maio "seja alargada". Paris e Berlim têm sugerido uma melhor utilização dos recursos existentes, particularmente na Europa, para facilitar o acesso das PME ao crédito, o desenvolvimento dos cursos profissionalizantes e a mobilidade geográfica.
O ministro do Emprego francês, Michel Sapin, defendeu que "se use já no segundo semestre de 2013 os seis mil milhões de euros previstos no orçamento plurianual 2014-2020" da União Europeia. O seu colega Moscovici também referiu, numa entrevista ao jornal Il Sole 24 Ore, a possível ajuda do Banco Europeu de Investimento (BEI) para "facilitar o crédito às PME".
Por sua vez, o comissário europeu para o Emprego, Laszlo Andor, exprimiu desejos de que em Roma os quatro países se consigam"coordenar para pôr em prática o mais rapidamente possível a Garantia para a Juventude".
Esta iniciativa, financiada pelo Fundo Social Europeu, tem como objectivo garantir que a todos os jovens com menos de 25 anos é oferecido um emprego de qualidade, formação, aprendizagem ou estágio num período de quatro meses após o fim da sua formação escolar ou numa situação de perda de emprego.
Para Itália, o ministro do Emprego, Enrico Giovannini, considera necessário "uma intervenção de choque", cujas primeiras medidas serão aprovadas pelo Conselho de Ministros neste sábado. De acordo com o ministro, é "importante" que o que resta dos fundos estruturais da UE para 2007-2013 que não tenham sido utilizados pelo país sejam "redireccionados" para os programas de emprego. Também pede uma redistribuição das ajudas da UE programadas para o próximo período 2014-2020.
As medidas italianas darão prioridade à contratação de jovens através de deduções fiscais e de uma flexibilização dos contratos a prazo e da aprendizagem (reduzir a zero o tempo entre um contrato e outro) e o desenvolvimento de serviços de apoio ao emprego onde a Itália gasta apenas 500 milhões de euros por ano, contra os cinco mil milhões gastos pela França.