in Notícias ao Minuto
A deputada independente, que integra a bancada do PS, Isabel Moreira, dá esta sexta-feira uma entrevista ao Jornal de Negócios na qual afirma que a crise de “desesperança” que Portugal e o Mundo atravessam não tem “casos paralelos”, apesar de reconhecer que “há factos que acontecem em variadíssimas crises, como a destruição da classe média, a pobreza, a fome”. No contexto político, a deputada defende que há uma clara divergência na coligação e diz estranhar que Passos não "tenha medo".
“É muito importante (…) não desistirmos das palavras, de forma a que não se crie uma opacidade relativamente a quem fala e a quem é escutado, (…) e que (…) não haja, por parte de quem fala, a intenção de mascarar a realidade”, salienta a deputada Isabel Moreia, em entrevista ao Jornal de Negócios.
Este facto, “uma decorrência da crise, da desesperança”, leva ao actual divórcio entre eleitos e eleitores devido “à decorrência do discurso e da falta de lideranças fortes, quer a nível mundial, quer a nível nacional”. O que, em última circunstância, pode levar “a generalizações”, como a de que “todos os políticos são uma corja”.
Neste ponto, Isabel Moreira sublinha que “não podemos ir buscar casos paralelos ao passado para enfrentar a crise de 2013” porque “é diferente, [acontece] num Mundo diverso do Mundo que existia à época” de outras crises, como a dos anos 30, tantas vezes usada como comparação. Sustenta a deputada que, “todas as estruturas, políticas, culturais, democráticas, o fenómeno da globalização, a integração europeia (…), tudo isso tem de estar presente na solução da actual crise”.
Por isso diz não esquecer que a crise “tem factores externos e que a solução para podermos ter esperança, (…), não é apenas à escala nacional. Quando falo de Portugal, falo de um Portugal inserido numa Europa e inserido no Mundo”.
Ainda assim, reconhece Isabel Moreira, “há factos objectivos que acontecem em variadíssimas crises, como a destruição da classe média, a pobreza, a fome. Fome é fome, seja em que ano for. Pobreza é pobreza, em que ano for. Destruição da classe média é destruição da classe média, seja em que ano for”.
Mas com um “Governo que insiste no mesmo tipo de medidas (…), que erra tudo” e com um “CDS [que] está a fazer um esforço muito grande para não perder o seu eleitorado e ao mesmo tempo não ser responsabilizado pela crise” apesar das “notórias acusações e humilhações recíprocas”, “é preciso construir um discurso de esquerda alternativo, mais forte”, até porque, “não estou a ver o Presidente assumir o risco de sair culpado”.
“Ao fim de dois anos as coisas estão no estado em que estão. Já não pega o argumento do passado”, assinala ainda Isabel Moreira, que estranha que o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, “não esteja com medo” não só do futuro mas, principalmente, “do presente”.