in Jornal de Notícias
O presidente da República defendeu a inclusão da luta contra a pobreza e a exclusão social na agenda dos responsáveis políticos e sublinhou a necessidade de soluções "flexíveis e inovadoras" para garantir um nível de vida digno.
"Na Europa, sobretudo neste período que vivemos de crise financeira e económica, a luta contra a pobreza e a exclusão social deve estar na agenda dos responsáveis políticos dos Estados membros, o que nos responsabiliza a todos face à necessidade de encontrar novas soluções que garantam um nível de vida digno a todos os cidadãos", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, numa intervenção na cerimónia de entrega do Prémio Champalimaud de Visão 2013.
Admitindo estar cada vez mais convencido da necessidade de se vencer esse desafio através de "soluções flexíveis e inovadoras", que envolvam maior responsabilização das organizações não-governamentais e dos cidadãos em geral e uma maior concertação entre a ação do Estado e as iniciativas da sociedade civil, Cavaco Silva destacou o papel primordial que a Saúde e a Educação assumem no combate à pobreza e na promoção de um crescimento económico sustentável.
Contudo, acrescentou, "nestes domínios muito há ainda para fazer, em particular nos países em desenvolvimento, mas também em países mais desenvolvidos".
No seu discurso, o presidente da República falou ainda do trabalho das quatro organizações não-governamentais do Nepal que este ano foram distinguidas com o Prémio Champalimaud de Visão: Nepal Netra Jyoti Sangh, Tilganga Institute of Ophtalmology, Sagarmatha Choudhary Eye Hospital/Biratnagar Eye Hospital e Lumbini Eye Institute.
"O trabalho realizado, de forma partilhada e coordenada, pelas instituições envolvidas destina-se a garantir cuidados oftalmológicos às populações sem condições financeiras e sem acesso a tratamento para a cegueira. Desde logo, através do incremento das intervenções cirúrgicas às cataratas, seja nos grandes centros, seja nos distritos rurais. Em segundo lugar, através da deteção precoce e do combate à cegueira na infância, tendo por pano de fundo o ambicioso objetivo da eliminação do Tracoma em 2017", disse, notando que em três décadas, a prevalência da cegueira no Nepal foi reduzida em mais de metade, passando de 84%, em 1981, para 35% em 2012.
"Estamos, sem dúvida, perante um resultado notável e um trabalho humanitário de grande alcance, um exemplo de benfazer e de fazer bem, ao serviço do bem comum", acrescentou.
Cavaco Silva manifestou ainda o seu orgulho pela distinção atribuída, considerando que "saber que a generosidade de um cidadão português irá contribuir para a prevenção e eliminação da cegueira num país longínquo, onde se registam carências materiais e técnicas da mais variada índole", é algo que quadra de forma particularmente feliz" com o caráter de Portugal enquanto "nação multissecular, pioneira da globalização, do diálogo de culturas e historicamente aberta ao mundo".