1.11.13

Cacifos para os sem-abrigo

in RR

Há um contraste de sentimentos por estes dias no jardim em frente à Igreja de Arroios, em Lisboa, onde está a funcionar, há cerca de duas semanas, uma experiência piloto dirigida aos sem-abrigo. São cacifos de um amarelo vivo, que servem para as pessoas que vivem na rua guardarem os poucos pertences que têm.

Os moradores da zona não gostam destes cacifos solidários mas como viu a repórter da TSF Barbara Baldaia há orgulho e uma dignidade que se procura com esta ajuda. Um trabalho com sonorização de José Guerreiro

Talitá vai ficar sem cama, porque estão a gradear a entrada do prédio onde dorme - melhor dizendo vai ter que mudar a cama de sítio. Agora abre orgulhoso a porta do cacifo que lhe deram e mostra uma mala com mantas que tem lá dentro.

Há muitos anos que não trabalha. Há muito tempo que vive na rua. «Há 15 ou 20 anos», explica.

Talitá, para os amigos, é o sr. Fernando para Duarte Paiva. A ideia de criar os cacifos para os sem-abrigo é do presidente da Associação Conversa Amiga.

«A nossa intenção é construir degraus para que a pessoa saia da rua de vez», afirma.

Duarte, que conhece bem as pessoas que vivem na rua, sublinha uma vantagem dos cacifos: ajudam «a criar alguns hábitos, permitindo que as pessoas tenham um espaço seu para guardar as coisas de forma digna e segura».

Há regras a cumprir, tanto os cacifos como a zona ali à volta têm que estar limpos, mas o projecto Cacifos Solidários não agrada a todos os moradores, que estão preocupados com as crianças e ficam desagrados com a convivência com os sem-abrigo, que se vestem e despem na rua.

Duarte Paiva recebeu apoios, entre eles o da Câmara, e também críticas a este projeto piloto.

Enquanto isso, é Fernando que vai tentar ajudar alguém, não arruma carros, mas carrega sacos de compras às pessoas mais idosas.