2.4.14

Alimentos disponíveis para cada português reduziram acentuadamente em 2010

in iOnline

Segundo o INE, a alimentação dos portugueses continua a caracterizar-se pelo consumo excessivo de proteínas de origem animal e de gordura

A quantidade de alimentos disponíveis para cada português sofreu uma redução acentuada a partir de 2010, com a carne de bovino a atingir em 2012 os valores mais baixos da última década, revela hoje a Balança Alimentar Portuguesa (BAP).

Esta redução também se verificou na carne de suíno, adianta a BAP, divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística, observando que seria necessário recuar 13 anos para se encontrar um valor semelhante ao verificado em 2012.

Segundo o INE, a disponibilidade de carne decresceu 5,9 quilos por habitante em quatro anos, tendo-se fixado em 69,8 quilos por ano por habitante, o valor mais baixo desde 2006.

Devido a esta situação, a carne de aves passou a garantir, pela primeira vez, desde que há registos estatísticos, “a principal disponibilidade de carne em Portugal”.

Também a disponibilidades de frutos, laticínios e pescado atingiram, em 2012, mínimos de 20, nove e oito anos, respetivamente, refere a BAP, que retrata as disponibilidades alimentares e a sua evolução em Portugal, em termos de produtos, nutrientes e calorias, entre 2008-2012 face 2003-2008.

O INE adianta que as “disponibilidades alimentares” por cada português aumentaram 2,1% face ao período 2003-2008, atingindo em média 3.963 kcal, um “aporte calórico” que permite satisfazer as necessidades de consumo recomendadas para 1,6 a dois adultos (2.000 a 2.500 kcal).

Contudo, o INE aponta dois períodos “marcadamente distintos” neste período: Até 2010 foi um “período de expansão caracterizado por elevadas disponibilidades alimentares e calóricas” e a partir desse ano assistiu-se a “reduções acentuadas” das quantidades de alimentos disponíveis.

Em termos médios, verificaram-se decréscimos de 5,9 quilos de carne por habitante, 3,2 Kg de pescado/hab, 7,6 l de vinho/hab (período 2009-2012) e 8,3 l de cerveja/hab, a que se juntam reduções de 4% nas disponibilidades de laticínios, 10,6% nos frutos (período 2009-2012).

Em contrapartida, observaram-se aumentos nos cereais (2,1%), nos hortícolas (5,8%) e nos produtos estimulantes (café e sucedâneos), cacau e chocolate (4%).

Segundo o INE, a alimentação dos portugueses continua a caracterizar-se pelo consumo excessivo de proteínas de origem animal e de gorduras.

“A comparação da distribuição das disponibilidades diárias per capita da Balança Alimentar Portuguesa com o padrão alimentar preconizado pela Roda dos Alimentos continuou em 2012 a evidenciar distorções”, sublinha.

Os dados apontam para o excesso de produtos alimentares dos grupos “Carne, pescado e ovos” (com tendência acentuada para decréscimo), “Óleos e Gorduras” e défice em “Hortícolas”, “Frutos” e “Leguminosas secas”.

Entre 2008 e 2012, o único grupo de produtos alimentares cujas disponibilidades diárias aumentaram foi o dos “Produtos hortícolas” (5,8%), mas não em quantidade suficiente para corrigir o desequilíbrio deste grupo face ao recomendado pela Roda dos Alimentos.

Dos restantes grupos, o INE destacam o decréscimo das “Leguminosas secas” (-13,9%) e dos “Frutos” (-9,5%), “o que contribuiu para agravar ainda mais o défice destes grupos face às recomendações de consumo”.

A BAP refere ainda que os decréscimos verificados nos grupos “Carne, pescado e ovos” (-8,2%) e “Óleos e gorduras” (-2,5%) não foram suficientes para baixar substancialmente as disponibilidades excedentárias destes grupos.