O PIB desacelerou, mas manteve, entre Junho e Setembro deste ano, uma clara tendência de retoma, com um ritmo de crescimento que permite recuperar algum do terreno perdido face ao resto da zona euro.
A economia portuguesa manteve, durante o período de Junho a Setembro deste ano, uma tendência de recuperação, registando uma taxa de crescimento de 2,9% face ao trimestre imediatamente anterior e de 4,2% face ao período homólogo do ano anterior, valores mais altos do que a média europeia.
De acordo com a estimativa rápida das contas nacionais publicada esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a economia portuguesa apresentou, depois de um primeiro trimestre do ano muito negativo e de um segundo trimestre de forte recuperação, um ligeiro abrandamento, mas conseguindo manter a tendência clara de retoma e de convergência face à média da zona euro que se tinha iniciado em Abril.
Nos primeiros três meses do ano, a economia tinha caído 3,3%, afectada pelo ressurgimento do número de casos de covid-19 e pela implementação de novas medidas de confinamento. Durante o segundo trimestre, num cenário de desconfinamento, o ritmo da actividade económica tinha recuperado de forma significativa, com o PIB a crescer 4,4%.
Aumentar
Agora, durante o terceiro trimestre, a economia abrandou, mas o PIB foi ainda assim 2,9% mais alto que o do segundo, o que coloca o nível de actividade económica no país mais próximo de regressar aos níveis pré-pandemia. O PIB português está agora a 3,1% do nível que se registava no quarto trimestre de 2019, o último sem efeitos da pandemia.
Na nota publicada esta sexta-feira, o INE assinala que “o crescimento do PIB no 3º trimestre de 2021 reflecte a diminuição gradual das restrições impostas pela pandemia, acompanhando o aumento do ritmo de vacinação contra a COVID-19, após dois trimestres com resultados opostos”. E, apesar de não publicar ainda os valores das variações das diferentes componentes do PIB, revela que se verificou no terceiro trimestre “um contributo positivo da procura externa líquida para a variação em cadeia do PIB, que tinha sido negativo no 2º trimestre, e um contributo positivo menos intenso da procura interna”.
Em termos homólogos, a variação do PIB é fortemente afectada pelo efeito base das enormes oscilações registadas em 2020, no início da pandemia. Se no segundo trimestre de 2021, a variação homóloga do PIB foi de 16,1% (face ao segundo trimestre de 2020 que foi o pior da história económica portuguesa), no terceiro trimestre essa variação foi bem mais moderada, mas ainda assim positiva, de 4,2%.
A recuperar face à zona euro
Tal como tinha já acontecido no segundo trimestre deste ano, a economia portuguesa voltou a registar um ritmo de crescimento mais forte do que a média dos seus parceiros europeus no terceiro trimestre. De acordo com as estimativas, também divulgadas esta sexta-feira pelo Eurostat, o PIB na zona euro cresceu 2,2% em cadeia e 3,7% em termos homólogos. No caso da União Europeia, o crescimento foi de 2,1% face ao trimestre anterior e de 3,9% face ao período homólogo do ano anterior.
Entre os nove países da zona euro para o qual já há dados disponíveis, apenas Áustria (com 3,3%) e França (com 3%) apresentaram taxas de crescimento mais altas que Portugal (2,9%) no terceiro trimestre. Na Alemanha, a economia cresceu 1,9% e em Espanha 2%.
Depois de um ano de 2020 mais negativo do que a média europeia e de um primeiro trimestre em que também voltou a divergir face aos seus parceiros, a economia portuguesa, uma das mais afectadas pela pandemia devido ao peso do sector do alojamento e restauração, conseguiu, no segundo e terceiro trimestre deste ano recuperar algum do terreno perdido.
Ainda assim, enquanto o PIB português se encontra, neste momento, a 3,1% do nível registado antes da pandemia, a zona euro já está apenas a 0,6%, podendo eventualmente atingir essa meta já durante os últimos três meses deste ano.
Aquilo que se conhece relativamente ao quarto trimestre do ano, contudo, não dá motivos para grandes optimismos, nem em Portugal, nem no resto da zona euro. O aumento dos preços dos combustíveis e de outras matérias-primas, os constrangimentos registados nas cadeias de distribuição internacionais e os sinais de ressurgimento da crise pandémica em alguns países estão a conduzir já, de acordo com os dados preliminares disponíveis, a um novo abrandamento da actividade económica nas últimas semanas.