Sara Cerdas está otimista quanto à ambição do executivo comunitário de implementar medidas para efetivar a transição verde, mas sublinha que o custo da transição não pode cair sobre o consumidor. Devem, em vez disso, ser partilhados a 27 na União Europeia.
Sara Cerdas defende que é preciso desburocratizar e avançar rapidamente com a transição ecológica e digital, porque em 11 anos será atingido o ponto de não-retorno, de acordo com o último relatório das Nações Unidas, relativos à questão das alterações climáticas. A eurodeputada socialista está satisfeita com as medidas ambientais europeias, inseridas no Fit for 55. "São 12 propostas legislativas muito importantes, que são a implementação da Lei do Clima, para atingirmos os objetivos do Pacto Ecológico Europeu. Sabemos que temos 11 anos para atuar e não podemos continuar com as conversas, temos de partir para a ação."
"Pelo discurso de Frans Timmermans, vice-presidente responsável pelo Pacto Ecológico Europeu, tivemos garantias muito boas. Isto é um pacote robusto, mas é como Frans Timmermans diz: nós não podemos alterar uma proposta sem mexer nas outras. Sempre que formos mais ambiciosos, temos de ser mais flexíveis com as outras propostas."
Um dos problemas referidos pela eurodeputada é o da pobreza energética, no qual Portugal está no topo. "Queremos tornar os nossos edifícios mais eficientes do ponto de vista energético, e Portugal é um dos países com maior pobreza energética nos seus edifícios. Não podemos ser um dos países mais penalizados. O custo da transição não pode cair sobre o consumidor." Sara Cedas considera que "os custos e benefícios têm de ser partilhados a 27 na União Europeia", e que nos próximos anos é necessário "tirar mais partido das energias renováveis", do mar, e melhorar as infraestruturas.
O mar e as pescas são um "setor muito importante para Portugal", e torná-lo sustentável é uma prioridade. "consumo adequado" a cada espécie, salienta.
"Sabemos que as alterações climáticas têm um papel determinante para as migrações, e sabemos que muitas migrações advêm de as pessoas estarem num espaço que se tornou inabitável. Tivemos temperaturas superiores a 45º C em várias zonas do globo, neste verão, isso é assustador." A transição digital e verde não pode acontecer sem justiça social, sustenta a socialista. E "a transição justa" é "não deixarmos ninguém para trás". É uma prioridade que diz ser "muito importante" para o grupo político dos Sociais-democratas no Parlamento Europeu.
Contudo, a crise pandémica ainda não ficou para trás das costas. Sara Cerdas acredita que "esta pandemia expôs várias fragilidades dos sistemas de saúde"
Foi por isso aprovado um pacote legislativo da UE para a saúde. "Os tratados de funcionamento dizem que a prestação de cuidados é da competência de cada país, mas a proteção da saúde pública é algo partilhado entre a União Europeia e os países que compõem a União Europeia", esclarece. A eurodeputada diz-se ainda defensora de um espaço europeu de dados em saúde, de forma a tornar a União Europeia "mais robusta para responder a ameaças em saúde pública"
"Para isso temos um pacote legislativo robusto, que é a União Europeia Para a Saúde, e da qual eu sou uma relatora, quanto às ameaças transfronteiriças na União Europeia. Agora com a população vacinada e pensando que já estamos numa segunda fase da pandemia, é importante que não esqueçamos o que nos levou a este ponto."