Marlene Cerqueira, in Correio do Minho
O flagelo social da prostituição feminina está a aumentar. Empurradas para situações de pobreza extrema, são cada vez mais as mulheres que recorrem à prostituição como meio de subsistência.
A constatação é feita por Filipa Pereira, do Movimento Democrático de Mulheres (MDM), uma das entidades que ontem promoveu uma caminhada desde o Parque da Ponte até à Arcada para assinalar o Dia Internacional da Mulher.
A iniciativa, que juntou cerca de 350 pessoas, pretendeu lembrar que 102 anos depois continuam a subsistir muitas das razões que levaram à instituição deste dia.
Filipa Pereira refere que não existem números sobre as mulheres que estão a ser empurradas para a prostituição, mas o MDM possui indicações de que há muitas mulheres desempregadas, de vários sectores de actividade, que acabam por cair na prostituição porque não têm como subsistir.
“Em vez de uma sociedade de progresso em que a mulher se possa realizar a todos os níveis, temos uma sociedade em que as mulheres estão a empobrecer, são desvalorizadas no trabalho, têm dificuldade em conciliar a vida profissional e familiar. A situação é alarmante”, diz Filipa Pereira.
Esta realidade levou o MDM, em colaboração com a União dos Sindicatos de Braga, a promover esta noite, pelas 21,30 horas, no auditório da Biblioteca Craveiro da Silva, um debate sobre o tema ‘A mulher no século XXI — Novas formas de escravatura’. Um dos conferencistas é a socióloga Inês Fontinha, directora da Associação ‘O Ninho’, que falará sobre a questão da prostituição.
O empobrecimento das mulheres tem ainda consequências ao nível da violência doméstica. No distrito de Braga, 55% das mulheres trabalhadoras não ganha mais do que o salário mínimo. “Quando as mulheres dependem financeiramente do agressor, é muito difícil quebrar o ciclo de violência”, constata Filipa Pereira.
Maria Carlos: “É preciso lutar pelos nossos direitos”
Oriunda de Ponte de Lima, Maria Carlos foi uma das mulheres que ontem participaram na caminhada promovida pelo MDM e pela USB. Ao ‘CM’ confessou que participava na iniciativa porque hoje, “mais do que nunca, é preciso lutar pelos direitos da mulher”, sobretudo para que “elas recebam salário igual aos homens, quando fazem o mesmo trabalho”.
Maria Coutinho: “Luto pela igualdade”
Maria Coutinho, de Braga, é uma cara conhecida na defesa dos direitos dos trabalhadores. Ontem, mais uma vez, participou numa iniciativa pública em defesa “da situação social da mulher e de todos os trabalhadores portugueses”, porque “a actual situação do povo é dramática”.
Fátima Borges: “Estou indignada com as políticas”
A indignação com as políticas que têm vindo a ser seguidas pelo actual Governo levou a bracarense Fátima Borges a participar na caminhada de ontem. Considera que “infelizmente, faz cada vez mais sentido recordar a origem do Dia da Mulher” porque são elas, cada vez mais, o elo mais fraco da sociedade.


