11.3.12

Aumento de desempregados preocupa empresários e autarcas de norte a sul do país

in SicNotícias

O afluxo de pessoas aos centros de emprego está a sobrecarregar os serviços um pouco por todo o país mas também a preocupar autarcas e empresários que se afirmam impotentes para dar resposta à procura existente.

No Alentejo, uma das zonas com mais problemas de desemprego do país, o presidente da Câmara de Monforte, Miguel Rasquinho, é um dos muitos autarcas que são confrontados diariamente com o desespero das pessoas. "Não há dia nenhum" que não "batam à porta" da autarquia várias pessoas a pedir emprego.

"De há um ano para cá, o número de pessoas a pedir emprego tem vindo a aumentar. Há mais pessoas a ficar desempregadas, há mais pessoas a terem direito a rendimento mínimo e a pedir à autarquia para as chamar para trabalhar", adiantou.

Para o autarca socialista, a maioria das pessoas que solicitam emprego, é, na sua maioria, da classe "média baixa" e com uma média de idade entre os "40 e os 45 anos", uma situação que se agrava quendo o subsídio de desemprego é esgotado e a única solução é o rendimento social de inserção.

Em Viana do Castelo, distrito com cerca de 12 mil desempregados, o presidente da Associação Empresarial (AEVC) propõe uma mudança no paradigma do atendimento. "Antes de tudo, estes centros deviam deixar de servir para tratar de formalidades, um local onde se vai apenas em último recurso porque é obrigatório para não perdermos determinados apoios", afirmou à Lusa Luís Ceia.

Como exemplo, aponta o próprio Gabinete de Inserção Profissional da AEVC que, com "uma atitude mais proativa", consegue empregar 16 pessoas todos os meses. "Temos cerca de 70 consultas por mês mas a colocação teve uma redução grande, devido à crise. Ainda assim funciona bem porque tentamos replicar modelos de sucesso", sublinhou.

Luís Ceia admite ainda a necessidade de adaptar o modelo de empresas privadas de contração "com provas dadas e lucrativas" ao setor público. "Os Centros de Emprego têm vantagens como a credibilidade que transmitem e a rede espalhada pelo país. Mas precisam de agir de forma mais rápida, ir ás empresas, estabelecer contactos e tornar mais apetecível este processo, por exemplo promovendo também o trabalho temporário que por vezes também precisamos", disse ainda.

Já em Coimbra, não são frequentes "grandes aglomerações" de desempregados junto ao centro do IEFP "provavelmente devido às características do tecido económico da região, caracterizado por empresas de pequena dimensão e dominado pelos serviços", admitiu, à Agência Lusa, Armindo Gaspar, presidente da Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC).

"Isso não significa", no entanto, sublinha aquele responsável, que "não haja, como no resto do país, muito desemprego", mas antes que ele se vai manifestando, "aqui, de uma forma gradual e distribuída no tempo".

Paulo Mendes, presidente da Associação Comercial e Industrial de Coimbra (ACIC), partilha a opinião, mas julga que existem outras razões que também explicam os facto de em Coimbra as filas de "desempregados no centro de emprego não atingirem as dimensões" observadas noutros centros urbanos do país.

"No concelho de Coimbra o desemprego deverá estar ligeiramente abaixo da média nacional", calcula Paulo Mendes, considerando, por outro lado, que o IEFP disporá ali de "melhores condições do que noutras cidades".

Tais circunstâncias não dispensam, porém, na perspetiva do responsável pela ACIC, a criação, também em Coimbra, de "unidades de gestão", que "aproximem mais o desempregado das empresas" e "torne mais eficaz a relação" entre empregadores e quem procura trabalho, como, recentemente, "foi admitido pelo governo".

A capacidade de resposta dos funcionários do IEFP e, porventura, as condições de que dispõem as suas instalações, poderão ajudar a explicar a circunstância de Coimbra não registar grandes filas de espera à porta do centro de emprego, admite o presidente da câmara, João Paulo Barbosa de Melo, sublinhando, no entanto, que não conhece bem a situação.

"Uma coisa é certa", a avaliar pela ausência de reclamações e de pedidos de intervenção junto da câmara, "os serviços do IEFP em Coimbra" funcionam bem, acrescenta o autarca, referindo que é frequente os cidadãos dirigirem-se à Câmara, a pedir para intervir junto de entidades, por estas funcionarem mal, apesar da autarquia "nada ter a ver com elas".

Com Lusa