Por:Secundino Cunha/ J.S., Correio da Manhã
A pobreza (rendimento inferior ao Salário Mínimo Nacional) já atinge um quarto da população portuguesa.
Na semana passada, no relatório que dava conta da subida da taxa de desemprego para 14,8%, o Eurostat alertava para a ultrapassagem "em larga medida" da fasquia dos 21% de pobres em Portugal. Para as entidades que mais de perto lidam com as questões sociais, como a Cáritas, as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) e Igreja Católica, esse número atingiu "seguramente" os 25%. "Bastaria observar os dados oficiais [800 mil desempregados e 1,7 milhões de reformados com pensões inferiores a 485 euros por mês] para se chegar a essa conclusão, mas, em nossa opinião, a pobreza real vai para além das estatísticas", diz ao Correio da Manhã Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas. Também o padre Lino Maia, que lidera a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Social, considera que o número de pobres "está a aumentar de forma assustadora", frisando que "todos os indicadores apontam para um considerável agravamento da situação ao longo do ano".
O aumento do desemprego, associado aos cortes salariais e ao agravamento dos impostos e dos preços de bens fundamentais, como os combustíveis, são tidos como as causas fulcrais do agravamento da pobreza. "O rendimento de muitas famílias advém apenas do trabalho. Ficando os elementos do casal desempregados, deixam de poder pagar as contas e passam, automaticamente, para uma situação de pobreza", explica o padre José Maia, especialista em questões sociais. Na mensagem sobre a Semana da Cáritas, o presidente da Pastoral Social, D. Jorge Ortiga, fala de "ambientes amargos na sociedade" e alerta para as "muitas famílias de todas as idades, particularmente as suas crianças, que não conseguem prover às necessidades básicas".
PORTUGAL TEM 18 MIL A VIVER EM BARRACAS
De acordo com os dados preliminares do Censos 2011, Portugal tem 6951 barracas, onde vivem 18 072 pessoas. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, Almada é o concelho do País com mais barracas (310), seguido de Loures (220), Lisboa (219), Faro (204), Vila Nova de Gaia (192), Sintra (185) e Seixal (181).
Fora das áreas da Grande Lisboa e Grande Porto, os concelhos onde foram recenseadas mais barracas são Setúbal (157)e Loulé (101).