3.4.13

Austeridade faz cair ajuda ao desenvolvimento, alerta OCDE

in iOnline

A ajuda ao desenvolvimento registou, pelo segundo ano consecutivo, uma quebra, devido à aplicação das medidas de austeridade de combate à crise na zona euro, anunciou hoje a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Portugal diminuiu em 13,1% a ajuda ao desenvolvimento. Entre os 15 países que diminuíram a ajuda ao desenvolvimento, as maiores descidas foram registadas em Espanha (49,7%), Itália (34,7%) e Grécia (17%), os quatro mais duramente atingidos pela crise na zona euro, de acordo com um relatório da organização.

A ajuda global dos países desenvolvidos sujeitos a medidas de austeridade caiu 4% em 2012, enquanto que entre os 34 Estados-membros da OCDE a descida foi de 6%.

Esta é a primeira vez, desde 1996-97, que a ajuda diminuiu em dois anos consecutivos, indicaram os dados da organização.

Em 2012, os membros da OCDE forneceram 125,7 mil milhões de dólares em ajuda ao desenvolvimento, o que representou 0,29% do Produto Interno Bruto combinado. Em 2011, a descida na ajuda tinha sido de 2%.

Os maiores doadores, em volume, foram os Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França e Japão.

Os países mais pequenos, como a Dinamarca, Luxemburgo, Holanda, Noruega e Suécia, continuaram a exceder o objetivo definido pelas Nações Unidas de 0,7% do PIB para a ajuda ao desenvolvimento.

"É preocupante que as dificuldades orçamentais nos nossos países membros tenham levado a uma segunda quebra consecutiva da ajuda total, mas é reconfortante que, apesar da crise, nove países tenham conseguido aumentar a ajuda", disse o secretário-geral da OCDE, Angel Gurria.

Entre estes nove países, o maior aumento pertenceu à Turquia, com 98,7%, através do apoio aos refugiados sírios e aos países do Norte de África, na sequência da "primavera árabe".

Seguem-se os Emirados Árabes Unidos (30%), Coreia do Sul (17,6%), Austrália (9,1%), Áustria (6,1%), Islândia (5,7%), Canadá (4,1%), Suíça (4,5%) e Nova Zelândia (3%).

A OCDE acrescentou que o comércio bilateral com a África subsaariana caiu 7,9% em 2012 para 26,2 mil milhões de dólares e em 12,8% para o conjunto dos países pobres.

A organização afirmou que a ajuda para projetos e programas bilaterais essenciais, que excluem ajuda humanitária e medidas de apoio à dívida, subiu 2% no ano passado.

"O estudo indica uma alteração da ajuda, dirigida para países de rendimento médio no Extremo Oriente, na Ásia do Sul e Central, sobretudo China, Índia, Indonésia, Paquistão, Sri Lanka, Uzbequistão e Vietname, e provavelmente este aumento será na forma de empréstimos bonificados", disse.

A organização previu uma estagnação da ajuda para os países mais atrasados no cumprimento dos Objetivos do Milénio (ODM) e com níveis de pobreza mais elevados, como o Burundi, Chade, Madagáscar, Malaui e Níger.

A OCDE, com sede em Paris, analisa políticas económicas, problemas comuns, possibilitando a coordenação de políticas domésticas e internacionais.